Migalhas de Peso

Pobre Valério

Cada vez fica mais claro que o tal Marcos Valério não passa mesmo de um doido varrido. E como tal, precisa de tratamento, urgente. Pobre Valério.

15/8/2005


Pobre Valério


Wilson Silveira*


Cada vez fica mais claro que o tal Marcos Valério não passa mesmo de um doido varrido. E como tal, precisa de tratamento, urgente. Pobre Valério.


A mulher dele, a Renilda, disse que ele, em certa época, trabalhou no Banco Central. O Banco Central diz que não, que até o cargo que ele afirma ter exercido nunca existiu. Mas Renilda diz que, durante anos ele saia de casa e voltava à noite, dizendo que trabalhava no Banco Central. Tão esforçado, o Valério.


O ex-primeiro ministro de Portugal informou que recebeu Marcos Valério na qualidade de assessor direto de Lula. O palácio do Planalto afirma que ele jamais foi funcionário, assessor ou consultor do governo. Tanto desapego até desanima.


Não obstante todas as reclamações, esse indivíduo vem depositando milhões nas contas de pessoas que não sabem o motivo de ele agir dessa forma. Valério é um homem feliz, não importa que não o reconheçam.


Outras pessoas compareciam ao Banco Rural e recebiam milhares de reais sem qualquer explicação ou motivação. E sem qualquer agradecimento, também. Era colocar o dinheirinho em uma sacola e escafeder-se.


Só ao PT ele deu 39 milhões de Reais. Só porque conheceu e gostou do Delúbio. É esquisito, pois quem conheceu o Delúbio pela TV não teve essa impressão tão boa dele. Mas ele gostou do Delúbio e ninguém tem nada a ver com isso.


Valério ficou sabendo que a mulher do João Paulo, ex-presidente da Câmara tinha umas contas atrasadas da TV a Cabo. E, pimba, mandou que lhe entregassem uns 50 mil reais para fazer frente àquelas despesas. Era necessário despreocupar o ex-presidente da Câmara.


Bastou saber que a ex-mulher do Zé Dirceu estava em dificuldades financeiras e rapidamente fez com que o Banco BMG contratasse, que o Banco Rural lhe emprestasse dinheiro e fez com que seu sócio, outro doido por certo, comprasse o apartamento velho dela. Tão bom o Valério.


Um dia, pensando no Brasil, e no bem que a classe política faz ao nosso país, gente trabalhadora e sempre sem dinheiro para suas campanhas, passou a distribuir dinheiro a partidos e a políticos: um milhãozinho aqui, 3 milhõezinhos ali. A coisa já está em mais de 70 milhões de reais. E isso, sem qualquer partidarismo. Atendia a todos que necessitassem.


Gostou do FHC. Queria que ele ficasse mais tempo no governo.

Mas não era certo que fosse aprovado o projeto da reeleição.

Não hesitou nem um segundo. Pacotinhos plásticos, com algum escasso dinheirinho e, pronto, pudemos ter o governo por mais um período.


Viu, ouviu e se apaixonou por Lula e pelo PT. Esse partido tinha ética, coisa em falta no país, bem que ele sabia. E para evitar que os petistas tivessem que sujar suas mãos com essa coisa horrível e suja que é dinheiro, abriu as burras ao PT. Sim, esse mesmo PT que, agora, diz que só devolve se tiver contrato.

Coisa de bicho do mato, por certo.


Sabedor das dificuldades do PT, concluiu, por conta própria, que talvez o partido tivesse ficado devendo pagamentos ao Duda Mendonça, aquele do Lulinha paz e amor. Ótima agência a do apreciador de briga de galo, tinha feito um ótimo trabalho levando à presidência o operário cuja mãe nasceu analfabeta.

Deve ter sido difícil. Então, mandou 15 milhões para a sócia do Duda Mendonça. E eles ficaram felizes, ainda que não saibam a que atribuir essa bondade de Valério.


E o presidente da Casa da Moeda. Marcos Valério ficou com pena dele, assistindo todos os dias a impressão de milhões em notas de reais e ganhando aquele mísero salariozinho. O homem estava até deprimido. Solução? 2 milhõezinhos novinhos, vindos do Banco Rural, para que ele tivesse em casa com que se divertir. Agora ele pode cuidar, além das moedas, das notas. E está muito feliz.


Sempre preocupado com o lazer dos nossos políticos, chegou a preparar festas em hotéis de Brasília e, para que os deputados não se sentissem sozinhos, ou com saudades de casa, enchia as festas com mocinhas especialmente escolhidas por uma tal de Jane, injustamente qualificada de cafetina. O Brasil é estranho.


Só porque a tal Jane tinha muitas conhecidas, todas boníssimas, já a alcunham de cafetina.


E quando o PT teve aquele probleminha em Santo André, com aquele prefeito que, apesar de ser do partido, insistia em não compreender o esquema criado para carrear ao partido os valores necessários. Realmente, ele não estava bem. Mas, a verdade é que exageraram no cumprimento da ordem de afastá-lo. Mais uma vez o PT sem dinheiro.


E o super Valério soube disso, e mandou algum “cascalho”, coisa de 500 mil reais para um conceituado escritório de advocacia atual no caso do assassinato do prefeito Celso Daniel.


A verdade é que alguém já havia atuado antes...


Um contrato de prestação de serviços foi feito então o escritório de advocacia e o PT.


Alguém ligou para o escritório de advocacia e disse que os honorários referentes ao contrato estavam disponíveis. Quem? Não se sabe.


De fato, os 500 mil chegaram às mãos dos advogados. No entanto, o presidente do PT Paulista, em nota oficial, negou saber do pagamento desses honorários.


Quem pagou? O bondoso Marcos Valério! À sorrelfa, como se dizia, já que o presidente do PT Paulista negou qualquer responsabilidade nesse pagamento.


E Marcos Valério fazia tudo escondido. Nem sua mulher sabia. Nem sua Diretora financeira tinha conhecimento de nada. Sempre modesto, e não desejando aparecer, procurou “fazer o bem, sem ver a quem”.


Ninguém sabe de onde vinha tanto dinheiro para as conta das empresas de Marcos Valério.


Só quem sabia era a secretária Karina. Essa sabia de tudo. E sabia tanto que agora quer ser, também, deputada, depois de posar para a Playboy, é claro.


E Marcos Valério, alienado total, megalomaniaco demente, totalmente fora de si, com sua excentricidade gastou tudo o que tinha, não tem esperanças de receber o que emprestou, não recebe sequer agradecimentos dos beneficiários de sua imprudência. Até mesmo Lula, cuja festa de posse foi bancada pelo extraordinário Marcos Valério, em recente discurso afirmou não dever nada a ninguém, deixando o pobre, agora pobre Valério até sem esse reconhecimento.


Por tudo o que se vê das notícias dos jornais, tudo se deveu à insanidade de Marcos Valério, à sua absurda insensatez, à sua total perda de razão. Tudo se iniciou com o desejo incontido de preservar as instituições.


Tomara que lhe sobre algum para rasgar, já que isso é, como sabemos, do que gostam os loucos de todo gênero.


Só uma coisa me aborrece quanto a Marcos Valério. Foi não tê-lo conhecido a tempo de uns saquezinhos no Banco Rural, ou de umas malinhas de dinheiro chegando às minhas mãos.


Com certeza hoje seria a única pessoa a agradecer.


É pena.


Pobre Valério, incompreendido Valério.

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* Advogado do escritótio Newton Silveira, Wilson Silveira e Associados - Advogados e membro de Cruzeiro/Newmarc Propriedade Intelectual

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