A avaliação da democracia (2004) em seu país pelos jovens israelenses
Auditando a democracia em Israel: Atitudes da junventude1
Jayme Vita roso*
Isso seria tarefa hercúlea, muito além do objetivo restrito deste sággio. Tivemos a felicidade de encontrar uma obra recente, editada pelo The Guttman Center do The Israel Democracy Institute, que nos ajuda a conhecer, sem interpretar, o fenômeno do jovem israelense diante da sua democracia.
Não está em nossa agenda avaliar as instituições, quanto às estruturas, organizações, funções e impactos, mas reproduzir as atitudes da juventude israelense frente à sua democracia, analisando-a e deixando a cada leitor a tarefa de ampliar as investigações sobre as respostas e os porquês de algumas tendências uniformes.
O desafio é enorme, sobretudo para os imigrantes de origem africana, particularizando, os etíopes2.
Sumarizando o levantamento dos indicadores, Asher Arian, Shlomit Barnea e Pazit Ben-Nun, com muito acuro, conseguiram comparar os de 2003 com os de 2004, na pesquisa sobre a democracia e, num apêndice, conseguiram ilustrar a pesquisa, com vários tópicos que se inter-relacionam, mostrando as diferenças ocorridas de um ano para outro, alguns dos quais relevantes.
Os levantamentos abordaram o aspecto institucional (a percepção do princípio da responsabilidade final, os equilíbrios e os desequilíbrios, a participação política e a integridade do governo); os direitos (políticos, econômicos e sociais); o apoio para a igualdade dos sexos, igualdade para as minorias; a estabilidade e a unidade no país (satisfação com o governo, protesto e oposição, credibilidade nas instituições, a instituição que melhores salvaguardas propicia à democracia de Israel); a credibilidade nas pessoas (ou a fé social); as fissuras sociais (sobressaindo o questionamento sobre o grau do nível de tensão entre diferentes grupos em Israel, comparadas com outros países); pertencer ou ser membro da comunidade (orgulho de estar conectado com Israel, desejo de lá permanecer, sentimentos de ser partícipe do país e dos seus problemas e componentes da identidade israelense)3.
Conferindo os levantamentos, podemos inferir que:
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os jovens têm maior satisfação com respeito à democracia que os adultos;
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os jovens, preparando-se para exercer a cidadania, mostraram ter maior satisfação que os adultos, com respeito à classe social em que se catalogam;
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em conexão com o grau de confiança nas atividades governamentais e instituições, os jovens manifestaram-se satisfeitos com as forças armadas, com a Suprema Corte e com a polícia, «embora seu grau de confiança nas duas primeiras instituições fosse menor do que a dos adultos»;
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perturbadores os índices que apontam o interesse dos jovens e seu grau de participação na política, muito menos que os adultos, revelando maior vantagem dos homens sobre as mulheres, que, nela, não querem se envolver, têm menos conhecimento e menos interesse;
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43% dos jovens têm tendência a recusar ou rejeitar ordens que lhes sejam passadas, significando que esse número expressivo é preocupante, quando se leva em conta que a unilateralização permanente de Israel exige, sobretudo dos jovens, disciplina;
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enquanto a maioria dos jovens, cerca de 60%, prefere um líder forte, também sentem-se perturbados porque avaliam que os políticos não levam em conta a opinião dos cidadãos;
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há forte declínio na satisfação do público quanto à democracia e aos funcionamentos das instituições democráticas, particularmente, com a existência, ou não, de valores democráticos e de normas institucionais coerentes, com o aumento da desigualdade socioeconômica, com a fé nas políticas institucionais;
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de outro lado, tem aumentado a percepção de melhoria da unidade e superação das tradicionais divisões dentro da sociedade israelense;
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como dizem os autores: «Israel democracy, as reflected by comparative quantitative indicators, is primarily a formal democracy that features a democratic institutional system, entrusted with the functioning of the regime and performing state democratic functions. From the perspective, Israel’s status is relatively good compared with other democracies, especially its high level of representativeness and the high score it receives regarding the restrictions placed on the executive branch of government. On the other hand, it appears that Israeli democracy has yet to attain the essential characteristics of a democracy and to inculcate its values, perceptions and democratic culture. The situation with regard to human rights is very troubling. The most prominent weak points of Israeli democracy are instability, which is reflected in frequent regime changes; the sort of life span of its government; and the great tension which results from rifts along nationalist and religious lines»4.
Os contrastes na sociedade israelense atual indicam, para concluir, que a juventude se compenetrou de seu relevante papel, dentro da sociedade, e sabe que, se busca a felicidade, tem de adaptar-se às circunstâncias, fazendo preservar valores tradicionais, que são reexaminados e readaptados às condições do mundo contemporâneo.
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Notas Bibliográficas:
1 ARIAN, Ashner; BARNEA, Shlomit; BEN-NUN, Pazit. The 2004 Israeli Democracy Index: Auditing Israeli Democracy Attitudes of Youth. Jerusalem: The Guttman Center of The Israel Democracy Institute, 2004. 74 p.
2 Com o título «Defying Type», o The Jerusalem Report analisou casos de jovens emigrantes, que portaram a tradição de costumes rígidos e, que, em Israel, passou a adotar comportamento estranho às origens, remontando inclusive aos negros norte-americanos, que servem de modelos: «Perhaps the most serious problem facing young Ethiopian Israelis is the death of role models who look like them and share their background. ‘They’re looking up to other Israelis or to American blacks’, Shimon says. Sabahat lists Martin Luther King as one of her heroes. ‘He was a leader who stood up and took action when he thought the time had come’, she says. ‘Among Ethiopians, professionally, there aren’t many people to look up to’». FRIEDMAN, Matti. Defying type. The Jerusalem Report, vol. XV, nº 11, p. 15, 20.set.2004.
3 ARIAN, Asher; BARNEA, Shlomit; BEN-NUN, Pazit. Op. cit., p. 69-73.
4 ARIAN, Ashner; BARNEA, Shlomit; BEN-NUN, Pazit. Op. cit., p. 11
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Bibliografia:
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FRIEDMAN, Matti. Defying type. The Jerusalem Report, p. 12-15, 20.set.2004.
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* Advogado do escritório Jayme Vita Roso Advogados e Consultores Jurídicos