Trapalhada em Teerã
Luiz Fernando Hofling*
Megalomaníaco – e interessado, segundo se diz, na secretaria da ONU ou na presidência do Banco Mundial (como se houvesse relação entre as duas coisas) - deliberou que deveria agir.
De um lado, agradaria o governo americano!
De outro, faria bonito para a comunidade internacional, incapaz de chegar a uma solução pacífica sobre a crise.
Para não parecer que cumpria um desiderato americano, cercou essa providência de grandes aparatos: tudo para fazer pensar que se tratava de iniciativa do governo brasileiro, campeão da paz mundial entre os povos!
A comunidade internacional, em caso positivo, ficaria rendida diante da singularidade brasileira, capaz de encontrar uma solução diplomática onde legiões de diplomatas não conseguiram êxito...
Deu-se que o Irã, entrevendo, na iniciativa brasileira, no mínimo, um argumento a mais contra a aplicação de sanções de que o ameaça a comunidade internacional, concordou em fazer o acordo, com o Brasil, convocada a Turquia para assessorá-lo na empresa.
Feito o acordo, veio a decepção:
- os Estados Unidos desaprovaram a iniciativa brasileira;
- deram como presente um contencioso, sobre matéria atômica, com o Brasil;
- e recusaram-se a participar de seus termos, dados como insuficientes para garantir que, com a quantidade de urânio de que dispõe o Irã, não seja possível a fabricação, desde logo, de um artefato atômico.
Quanto ao Brasil:
- nem angariou a popularidade que desejava – e que seria um forte argumento para transportar o presidente às delícias do secretariado geral da ONU ou da presidência do Banco Mundial;
- nem conseguiu projetar liderança entre os povos do bloco que se opõe à aplicação de sanções ao Irã.
Sorriso amarelo, abano de mãos e... retirada discreta.
O episódio não é diferente do que ocorreu em Honduras, depois do tenebroso episódio em que se envolveu o Brasil.
Chegou a hora de perguntar quando é que verdadeiros profissionais da diplomacia - e não o grupo de saudosistas do esquerdismo católico que cerca o presidente - vão assumir o controle das relações exteriores, no governo brasileiro.
Só então – quem sabe – será possível ver aplicada a lição segundo a qual nunca se deve entrar numa situação, da qual não se saiba, com segurança, como sair...
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*Sócio do escritório Höfling, Thomazinho Advocacia
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