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Revolta da vacina

No início do século XX, o Rio de Janeiro não mantinha serviços suficientes para enfrentar as epidemias como a da febre amarela, febre bubônica e varíola.

8/4/2010


Revolta da vacina

Sérgio Roxo da Fonseca*

No início do século XX, o Rio de Janeiro não mantinha serviços suficientes para enfrentar as epidemias como a da febre amarela, febre bubônica e varíola.

O Presidente Rodrigues Alves autorizou o prefeito Pereira Passos tomar medidas no sentido de não apenas para urbanizar a cidade, como também para implantar serviços de saúde.

Foi então aberta a avenida Central, hoje Rio Branco, com a demolição de vários cortiços, expulsos seus pobres moradores para os morros do centro da cidade. Favela era o nome de um dos morros, pois ali se plantavam favas. Todos nós conhecemos qual foi o resultado dessa política. O Prefeito foi apelidado de "Bota Abaixo".

Na área da saúde, nomeou-se o dr. Oswaldo Cruz, paulista de São Luiz do Paraitinga, para desenvolver um projeto de eliminação das epidemias.

Sob o nome de "mata-mosquitos", o dr. Oswaldo Cruz criou grupos de pessoas com o poder de invadir residências com o objetivo de eliminar os mosquitos transmissores das epidemias. Houve fortíssima reação contrária.

Em seguida, impôs uma política de vacinação obrigatória, resultante de lei, afirma-se que funcionários invadiram residências e aplicaram a vacina à força.

Os cadetes da Praia Vermelha, os intelectuais positivistas, entre outros, rebelaram-se contra a vacinação obrigatória. Eclodiu o episódio denominado Revolta da Vacina, ocorrido entre 10 e 16 de novembro de 1904.

A imprensa posicionou contra a vacinação. Há ilustrações noticiando que pessoas vacinadas haviam se transformado em lobisomem. Políticos de renome, como Rui, contra o governo. Obrigar alguém a vacinar-se era ferir a sua liberdade individual, violando a sua dignidade pessoal.

Houve choques armados. Pelo menos cinquenta pessoas morreram no Rio. Com apoio do Exército, os governos saíram vencedores. O dr. Oswaldo Cruz levou a cabo sua política contra a insalubridade. Ganhou notoriedade internacional. Teria sido o primeiro nobelista brasileiro, se então já existisse o Prêmio Nobel. O pensador francês Anatole France, ao visitar o Rio em 1906, saudou-o dizendo: "O senhor fez o mesmo que Hércules. Matou a hidra. É um benfeitor da humanidade".

Até a sua morte, o dr. Oswaldo Cruz, quando reconhecido na rua, era vaiado pelas mesmas pessoas cujas vidas tinham sido por ele salvas.

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*Advogado, Procurador de Justiça aposentado do Ministério Público de São Paulo, professor da Faculdades COC

 





 

 

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