Editora Mizuno lança a obra "Justiça em Corpos"
Confira a obra "Justiça em Corpos".
segunda-feira, 20 de junho de 2022
Atualizado em 17 de junho de 2022 16:52
Editora Mizuno lança a obra "Justiça em Corpos", coordenada por Laerte Idal Sznelwar, Leonardo Vieira Wandelli e Luciana Nunes da Motta Tavares.
Poucas atividades humanas estão de tal forma envoltas em valores e expectativas sociais quanto o trabalho da Justiça. "Fazer justiça", depende da atuação prática que se realiza no trabalho em cooperação de todos que se dedicam profissionalmente a transpor a Justiça das leis e livros para a realidade social.
Julgar conflitos de seus semelhantes, buscando uma solução justa que considere a complexidade de fatores do caso singular e, com isso, contribuir para a realização de práticas sociais mais adequadas, é um fazer individual e coletivo prenhe de possibilidades de sentido, reconhecimento e autorrealização não só para magistrados, como para todos aqueles que trabalham em cooperação no aparato judiciário. Contudo, ao contrário do que essas características fariam esperar, muitas pesquisas, parte delas apresentadas neste livro, dão conta reiterada de manifestações de mal-estar, sofrimento, adoecimento físico e especialmente psíquico e mesmo suicídios entre magistrados e servidores do Poder Judiciário.
Tomando o sintoma como mero ponto de partida, como enigma, esta obra vai investigar os processos humanos e opções de gestão que nos permitem compreender de perto, a partir de pesquisas de campo realizadas por profissionais de Psicologia, Direito e Saúde, o que tem levado a esse estado de coisas e como transformá-lo.
São pesquisas e estudos que têm por base a Psicodinâmica do Trabalho, disciplina desenvolvida em torno da obra do psicanalista e psiquiatra francês Christophe Dejours, que contribui, aqui, com um texto original analisando cirurgicamente um caso de suicídio de magistrado na França. A PDT nos oferece a tese da centralidade do trabalho para a subjetividade, a saúde e a política como fundamento da investigação.
O trabalho pode produzir o pior, mas também é condição de possibilidade para o melhor. Um ou outro destino é algo que se decide em grande parte nas condições da organização do trabalho. O que, então, se passa no trabalho do Poder Judiciário desde a adoção de importantes transformações na sua gestão promovidas pelos Conselhos Superiores e Tribunais?
O interrogante geral a mobilizar as pesquisas aqui reunidas é: as modalidades de organização do trabalho no Poder Judiciário brasileiro têm sido propícias para o desenvolvimento pessoal e profissional, a construção da saúde, da identidade, dos valores e regras da profissão e da sua contribuição para a vida social e para a cultura por meio do fazer judicial, este fazer tão crucial para a vida da democracia e do Estado de Direito?
Mais especificamente, que impactos se podem constatar sobre a saúde, a subjetividade, as práticas de trabalho e a própria prestação jurisdicional à sociedade produzidos pelos mecanismos e discursos de gestão do trabalho judicial que vêm sendo implementados no período recente sob a condução dos Conselhos Superiores do Judiciário? Que contribuições para a transformação positiva desse cenário, do ponto de vista dos sujeitos do trabalho judicial, a PDT pode aportar?
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Laerte Idal Sznelwar
Graduado em medicina; doutorado em ergonomia; pós-doutorado em psicodinâmica do trabalho; livre-docência em engenharia de produção. Clínico, especialista em psicodinâmica do trabalho, psicanalista, ergonomista, professor aposentado do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP. Membro do Instituto Trabalhar. Membro Institut de Psychodynamique du Travail - Paris. Membro do Instituto Brasileiro de Psicanálise em São Paulo. Membro da AISPDT.
Leonardo Vieira Wandelli
Doutor e mestre em Direito pela UFPR, DEA en Derechos Humanos y Desarrollo pela Universidad Pablo de Olavide de Sevilla, Consultant Contractor do OHCHR Office of the High Commissioner for Human Rights - UN (2015/2016), Juiz do Trabalho Titular e membro da Comissão Permanente de Saúde e do Conselho Executivo da Escola Judicial - Tribunal Regional do Trabalho 9ª Região (PR). Membro do Comitê Gestor Nacional do Programa Trabalho Seguro CSJT/TST.
Luciana Nunes da Motta Tavares
Graduada em Psicologia pela UFPR, com formação em dinâmica dos grupos pela SBDG, e pós-graduação em Saúde Mental e Psicanálise pela PUC- PR. Desde 2005, integra a área de saúde do TRT da 9ª Região, como Psicóloga, ocupando o cargo de Chefe da Seção de Saúde e Psicologia e Serviço Social. Integrante da Comissão de Relações no Trabalho do TRT da 9ª Região.
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