Eleitos pelo povo?
terça-feira, 19 de abril de 2016
Atualizado às 07:46
Como se viu, ao vivo e a cores, a maioria dos parlamentares na votação do impeachment, de um lado e de outro, o faziam "pela mãe", "pela tia", "pela avó", "pelos filhos" etc. Raros foram os que se lembraram de seus eleitores nos segundos de fama que a televisão lhes proporcionou. E você sabe por que? Porque eles não têm compromisso com o eleitor. A constatação que se faz, matematicamente, é que a maioria não foi sufragada puramente pela soberania popular. Estão ali graças ao quociente eleitoral; alguns com votação pífia. Você sabia, migalheiro, que apenas 36, dos 513 deputados, 7% apenas, obtiveram votação suficiente para se eleger? Sim, 477 vieram carregados por votações de outros. Isso explica, em grande parte, a dissociação com o povo.
Eleitos pelo partido
No DF e nos Estados do AC, AL, AP, ES, MA, MT, PI, RN, RR, RS e TO nenhum dos empossados em 2015 amealhou votos necessários para obter, sozinho, o quociente eleitoral.
Manda quem é suplente, obedece quem é titular
Em muitos casos, o dono (pecuniariamente falando) da cadeira, além de não entrar pelo quociente, também não foi o mais votado. De modo que foi a "isca" quem tomou posse. Mas, no momento seguinte, aquele que fisgou o eleitor se licencia para que o patrão, com votos que não enchem um embornal, assuma a cadeira. Não sem motivo, muitos ao microfone falaram que o suplente "fulano de tal" também votaria no mesmo sentido. E não se está falando aqui dos Tiriricas da vida, porque isso é ponto fora da curva. O engendramento é mais suave: colocam-se vários candidatos que carreiam votos. Não poucos e nem muitos votos, tão somente o suficiente para que, somados, obtenha-se o quociente.
Profissões antigas
Se estão dissociados da vontade popular, o que fazem esses parlamentares? Há algumas pistas. Uma reportagem d'O Globo de hoje conta que nas festas que se seguiram depois do impeachment na Câmara, alguns deputados, que tinham reverenciado a família ao microfone, compartilhavam no WhatsApp, jubilosos, fotos nuas de suas amantes (teriam o apanágio da exclusividade?), tendo ao fundo a imagem da televisão com o próprio parlamentar votando. São estes alguns de nossos representantes. E durma-se com um nude destes.