Memórias do Cárcere
2 de outubro de 2019 - Realizando o mais lídimo exercício democrático de informar, Migalhas foi ontem à sede da Polícia Federal de Curitiba para entrevistar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso há 544 dias.
Cumprindo todos os trâmites legais (petição à juíza da vara de execuções, manifestação do MPF e da defesa), foi-nos autorizada a entrevista, na qual queríamos abordar as questões eminentemente jurídicas.
Chegamos à sede da PF por volta das 8h. Os policiais, que tratam a todos com cerimonioso respeito, indicaram a sala para montagem do equipamento de filmagem no 3º andar.
Antes, visitamos, em frente ao edifício, a vigília montada por grupos e associações que, indefectivelmente, dão bom dia (9h), boa tarde (14h30) e boa noite (19h) ao ex-presidente, em alto e bom som.
Acerca do prédio da PF, interessante anotar que, por ironia do destino, foi construído na gestão de Lula, sendo Marcio Thomaz Bastos o ministro da Justiça – há até mesmo uma placa na entrada com essa informação.
Às 9h25 o ex-presidente irrompeu a sala.
Usando a mesma gravata usada quando depôs ao então juiz Sergio Moro no caso que o levou à prisão, Lula cumprimentou um a um, sentou-se na cadeira adrede colocada atrás de uma pequena mesa, e começamos a conversa que durou regulamentares 60 minutos.
O que foi dito ali os leitores irão ver hoje, e nos próximos dias, nos vídeos que estamos selecionando de acordo com os temas.
Esclareça-se que a edição se justifica para que fiquemos apenas circunscritos às questões afetas ao meio jurídico, deixando os eventuais comentários políticos para os veículos especializados.
Independentemente das paixões e crenças ideológicas que cada um respeitosamente tenha, queremos crer que se trata de um registro histórico. Ademais, ouvir o que o ex-presidente da República tem a dizer em seu cárcere, concordando-se ou não, é um salutar exercício democrático. De modo que, ouçamo-lo.