Polícia Federal prende 2 ex-governadores do DF; operação investiga desvios na Copa
José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz são alvos da Operação Panatenaico. Suspeita é de fraude na reforma do Estádio Mané Garrincha.
Da Redação
terça-feira, 23 de maio de 2017
Atualizado às 08:40
A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira, 23, os ex-governadores do DF José Roberto Arruda (esq.) e Agnelo Queiroz (dir.), além do ex-vice governador Tadeu Filippeli, hoje assessor do presidente Michel Temer. Às 8h12, segundo informações da PF, os três políticos foram detidos. Os policiais chegaram na casa de Agnelo por volta das 6h.
Os mandados de prisão foram expedidos no âmbito da Operação Panatenaico, deflagrada nesta terça com base em delação premiada de executivos da Andrade Gutierrez. O objetivo é investigar desvios de recursos nas obras de reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha para Copa do Mundo de 2014. Orçadas em cerca de R$ 600 milhões, as obras no estádio teriam custado mais de R$ 1,5 bilhão.
Mandados
Cerca de 80 policias Federais estão nas ruas de Brasília e arredores para cumprir 15 mandados de busca de apreensão, 10 mandados de prisão temporária, além de 3 conduções coercitivas. As medidas judiciais foram determinadas pela 10ª vara da JF/DF.
Entre os alvos das ações estão agentes públicos e ex-agentes públicos, construtoras e operadores das propinas ao longo de três gestões do governo do DF. A hipótese investigada pela PF é que houve simulação de licitação.
A renovação do Estádio Mané Garrincha, ao contrário dos demais estádios da Copa do Mundo financiados com dinheiro público, não recebeu empréstimos do BNDES, mas sim da Terracap, mesmo sem que a estatal tivesse este tipo de operação financeira prevista no rol de suas atividades.
Em razão da obra do Mané Garrincha - a mais cara arena de toda Copa de 2014 - ter sido realizada sem prévios estudos de viabilidade econômica, a Terracap, companhia estatal do DF com 49% de participação da União, encontra-se em estado de iminente insolvência.
Curiosidade panatenaica
De acordo com a polícia Federal, o nome da operação é uma referência ao Stadium Panatenaico, sede dos jogos panatenaicos, competições realizadas na Grécia Antiga que foram anteriores aos jogos olímpicos. A história desta arena utilizada para a prática de esportes pelos helênicos, tida como uma das mais antigas do mundo, remonta à época clássica, quando estádio ainda tinha assentos de madeira.
A construção foi toda remodelada em mármore, por Arconte Licurgo, no ano 329 a.C. e foi ampliado e renovado por Herodes Ático, no ano 140 d.C., com uma capacidade de 50 mil assentos. Os restos da antiga estrutura foram escavados e restaurados, com fundos proporcionados para o renascimento dos Jogos Olímpicos. O estádio foi renovado pela segunda vez em 1895 para os Jogos Olímpicos de 1896.