Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara amplia recursos para saúde sem prever receita
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Da Redação
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Atualizado às 10:13
Polêmica
Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara amplia recursos para saúde sem prever receita
A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou o Projeto de Lei Complementar 306/08 (clique aqui), do Senado, que regulamenta a EC 29 e amplia os recursos para a saúde pública. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, anunciou que a proposta deve entrar na pauta do Plenário na próxima quarta-feira, 28/5. O projeto tramita em regime de urgência e ainda será votado pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Chinaglia não acredita em acordo entre os parlamentares que querem a definição de uma fonte de recursos para os novos gastos e aqueles que apóiam a aprovação do texto original do Senado, sem especificar a origem do dinheiro. A proposta aprovada pela Comissão de Seguridade não traz essa previsão. Entre as sugestões para cobrir as novas despesas está a recriação da CPMF.
A estimativa é que a proposta acrescente entre R$ 9 bilhões e R$ 12 bilhões ao orçamento federal da saúde deste ano (fixado em R$ 48 bilhões). O projeto também obriga a União a aplicar na saúde, a partir de 2011, no mínimo 10% de suas receitas correntes brutas, que incluem as receitas de tributos, patrimonial, de serviços públicos e transferências.
Estados e municípios
Em relação aos estados e municípios, uma das principais medidas previstas no projeto é a definição do que são gastos em saúde. Nesse enquadramento estão, por exemplo, as despesas típicas do SUS. No entanto, já não poderão ser computadas despesas como as de pagamento de aposentadorias e pensões, ainda que relativas a servidores da saúde; e com merenda escolar ou outros programas de alimentação, mesmo se executados em unidades do SUS.
O texto aprovado pelo Senado mantém para os estados e municípios os percentuais mínimos de gasto em saúde previstos na Emenda 29 (12% para os estados e 15% para os municípios). De acordo com o texto aprovado, estados e municípios que não estão aplicando esses percentuais terão até 2011 para se enquadrar à norma.
A proposta também exige que a União aplique em saúde 8,5% de suas receitas em 2008; 9% em 2009; 9,5% em 2010 e 10% em 2011. Atualmente, não há um percentual fixo para as despesas da União com saúde, já que a Emenda 29 vinculou esses gastos à variação nominal do PIB.
Fonte de recursos
Em seu parecer na Comissão de Seguridade, o deputado Rafael Guerra (PSDB/MG) recomendou a aprovação do projeto na forma como veio do Senado. Segundo o relator, a votação representa uma conquista para os parlamentares que há mais de uma década tentam aumentar os recursos para a saúde. "A proposta conta com o aval da Conferência Nacional de Saúde e de todas as entidades que se empenham para melhorar efetivamente a qualidade dos serviços públicos de saúde", reforçou.
A deputada Cida Diogo (PT/RJ) tentou adiar a votação, com o argumento de que a prioridade deveria ser a definição do impacto orçamentário e a origem dos recursos para cobrir as despesas com saúde. "Não é possível aprovar o projeto sem antes definir as fontes de recurso", reclamou. Na avaliação da parlamentar, a comissão deveria ter mais tempo para analisar o projeto e o relatório de Rafael Guerra. "Os deputados receberam o relatório hoje", criticou.
Os deputados Rodrigo Maia (DEM/RJ) e Rita Camata (PMDB/RS) observaram que a competência para analisar a adequação financeira é da Comissão de Finanças e Tributação. "Aqui, o que está em pauta é o mérito do projeto e não os aspectos orçamentários", reforçou Rodrigo Maia.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, considera o debate fundamental, especialmente porque os principais usuários do sistema público de saúde não conseguem expressar sua opinião sobre o tema. "Como presidente, tenho a cautela de não entrar na discussão, mas sou radicalmente a favor de mais recursos para a saúde", ponderou Chinaglia, que é médico.
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