Vice-presidente da OAB/SP afirma que projeto que transfere processos para cartórios não resolverá morosidade da justiça
Da Redação
sexta-feira, 25 de agosto de 2006
Atualizado às 08:10
Mais investimentos
Vice-presidente da OAB/SP afirma que projeto que transfere processos para cartórios não resolverá morosidade da justiça
A vice-presidente da OAB/SP, Márcia Regina Machado Melaré, afirmou, em entrevista concedida à rádio CBN, que o PL 4.725/2004 (clique aqui), que transfere da área judicial processos de divórcio consensuais, separações judiciais e inventários para a esfera extra-judicial, especialmente os cartórios, não resolverá a questão da morosidade da tramitação dos feitos.
Segundo a vice-presidente, o projeto não atingirá seus objetivos e garante que a questão não é corporativa porque a presença do advogado está garantida, ainda que no âmbito extra-judicial.
"A presença do advogado é obrigatória, ainda que os procedimentos se dêem na esfera extra-judicial. O que a OAB/SP entende é que esse é mais um projeto que efetivamente não agilizará o Poder Judiciário. Pela exposição de motivos do projeto, o que se nota é a tendência de retirar do poder judiciário, da esfera jurisdicional, procedimentos visando uma agilização, mas o que entendemos é que isso atinge o próprio direito do cidadão à jurisdição" garante Márcia Melaré.
Para ela, a solução da morosidade seria mais investimentos. "O que precisamos é de investimentos no Poder Judiciário de São Paulo. Precisamos de mais varas, mais fóruns, mais juízes, de informatização e não apenas mandar o cidadão para uma esfera extra-judicial. Precisamos, efetivamente, dar ao cidadão um Poder Judiciário e atuante".
Márcia explica que, sem o acompanhamento do juiz no processo, o cidadão perde. "Eu tenho experiências próprias em separações consensuais em que eu e o advogado da outra parte acertamos tudo, levamos a petição assinada, as partes vão a juízo, e, com outros olhos o juiz propõe outro ajuste, indicando um outro caminho que, às vezes, é muito melhor do que o já acordado".
Com os números estratosféricos do Estado de São Paulo, Márcia garante que a posição da OAB/SP é defender mais investimento no Poder Judiciário Paulista para reverter a imagem de seu não funcionamento.
"Hoje em dia, do jeito que se encontra o Poder Judiciário, temos essa visão, mas não é isso que interessa ao Poder Judiciário. O que interessa é o investimento no Poder Judiciário. São Paulo tem números estratosféricos. Não é possível conviver com esses números e com um Poder Judiciário sem investimentos. A OAB é contra o Projeto em razão desses motivos. O que a sociedade precisa é de melhor informatização, melhor aparelhamento, uma boa gestão para que as coisas funcionem sem que se retirem os processos da esfera jurisdicional".
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