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Por que o seguro de vida não é a melhor opção para a sucessão: Análise comparativa com a holding familiar

O seguro de vida, embora ofereça benefícios, não resolve problemas tributários ou de inventário e pode ser caro. A holding familiar é uma alternativa mais eficiente e protege o patrimônio contra tributações e disputas.

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Atualizado em 29 de agosto de 2024 12:11

O planejamento sucessório é uma preocupação crescente, especialmente diante das mudanças tributárias iminentes. Entre as diversas opções disponíveis, o seguro de vida tem sido amplamente promovido como uma solução para garantir a continuidade financeira e patrimonial após o falecimento do patriarca ou matriarca. No entanto, apesar de suas aparentes vantagens, o Seguro de Vida apresenta diversas limitações e desvantagens, especialmente quando comparado à holding familiar, que se mostra uma estratégia mais robusta e eficiente para a sucessão.

As limitações do seguro de vida na sucessão

  1. Não soluciona problemas de tributação e inventário: O seguro de vida não evita a incidência de tributos, como o ITCMD - Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação, que pode ser elevado em até 21% com a reforma tributária. Embora o valor do seguro seja recebido pelos beneficiários sem a necessidade de inventário, o restante do patrimônio familiar ainda estará sujeito a esse processo, o que pode acarretar altos custos e morosidade. Em outras palavras, o seguro não elimina a necessidade do inventário e não protege o patrimônio contra a tributação sucessória.
  2. Custo elevado e impacto limitado: Seguros de vida com altas coberturas, que poderiam fazer diferença significativa no processo sucessório, costumam ter prêmios elevados, tornando-se um encargo financeiro ao longo dos anos. Além disso, o valor do seguro, em muitos casos, é utilizado para cobrir os custos do próprio inventário e o pagamento de impostos, reduzindo substancialmente o montante que poderia ser destinado ao uso familiar.
  3. Valor destinado a custos sucessórios: Em vez de garantir a tranquilidade financeira da família, o valor recebido do seguro pode ser rapidamente consumido pelos custos do inventário, despesas com advogados, e tributos. Isso significa que o objetivo original do seguro - proporcionar segurança e continuidade - é comprometido, já que boa parte dos recursos será destinada a pagar as obrigações fiscais e legais, e não ao bem-estar da família.
  4. Não há proteção patrimonial: Diferente da holding familiar, o seguro de vida não oferece proteção patrimonial. O patrimônio que permanecer na titularidade do falecido estará exposto a dívidas e disputas judiciais, podendo ser comprometido durante o processo de inventário.

Benefícios da holding familiar na sucessão

  1. Redução significativa da carga tributária: Uma holding familiar, quando bem estruturada, pode proporcionar uma economia tributária significativa. Ao transferir os bens para a holding, o patrimônio fica protegido da alta tributação incidente no inventário, e a gestão pode ser otimizada para reduzir os impostos ao longo do tempo, especialmente em casos de locação de imóveis, onde a tributação na pessoa jurídica é mais vantajosa.
  2. Eficiência no planejamento sucessório: A holding familiar permite uma transferência de patrimônio de forma organizada e eficiente, evitando a burocracia e os altos custos do inventário. O patrimônio pode ser transmitido de forma gradual e planejada, com menor carga tributária, garantindo que os herdeiros recebam os bens de maneira direta e sem disputas.
  3. Proteção patrimonial contra riscos pessoais: Ao consolidar os bens na holding, o patrimônio fica segregado dos riscos pessoais dos sócios, como dívidas ou processos judiciais. Isso garante que os bens estejam protegidos e possam ser transmitidos aos herdeiros sem comprometimento.
  4. Continuidade e profissionalização da gestão patrimonial: A holding familiar facilita a continuidade na gestão do patrimônio, permitindo a profissionalização e a implementação de estratégias que maximizem o valor dos bens. Isso não só protege os ativos, como também potencializa o crescimento do patrimônio ao longo do tempo.

Conclusão

Embora o seguro de vida possa parecer uma solução simples e direta para a sucessão, ele não resolve os problemas mais complexos da tributação e do inventário, e seu custo elevado pode não justificar os benefícios limitados que oferece. A holding familiar, por outro lado, se apresenta como uma alternativa mais eficiente e estratégica, proporcionando economia tributária, proteção patrimonial e uma sucessão organizada, sem a necessidade de se submeter aos altos custos e à morosidade do inventário.

Assim, para famílias que desejam garantir a preservação e a continuidade de seu patrimônio através das gerações, o planejamento patrimonial é a solução mais eficaz e vantajosa.

Gilberto Canhadas Filho

Gilberto Canhadas Filho

Sócio do escritório Trigueiro Fontes Advogados. Especialista em planejamento patrimonial e holding familiar.

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