Os verdadeiros vetores do 8 de janeiro de 2023
O que será que, agora, preocupa o governo petista, se foi duro, enfático e até cruel contra os "golpistas terroristas"!? Com certeza são estes os vetores do terrível efeito manada que levou ao 8 de janeiro de 2023.
terça-feira, 7 de março de 2023
Atualizado às 14:41
O tratamento dado aos manifestantes que estiveram acampados, por mais de três meses, na frente do Quartel do Exército em Brasília, foi o episódio mais triste, deprimente e vergonhoso da democracia brasileira, e com certeza será lembrado e cobrado ao longo da história. Os ditadores de plantão com certeza responderão duramente por este espetáculo tenebroso. Aquele povo composto na esmagadora maioria por pessoas idôneas e honestas, inclusive de famílias completas, ficou meses a se manifestar na mais legítima ordem democrática, como garante o parágrafo único do artigo cabeça, primeiro, da Constituição da República, a Cidadã, nas palavras do presidente da Constituinte, deputado Ulisses Guimarães, cominado com inciso XVI do artigo 5º da Carta Magna. Mas num espasmo, grande parte daquele povo pacífico, empurrado pelo efeito manada, invadiu a sede dos Três Poderes, e assistimos com tristeza e desânimo um espetáculo ridículo e deprimente para quem respeita, e defende, a verdadeira e efetiva democracia. Se o povo tivesse tomado e acampado na praça dos Três Poderes, mesmo invadindo os Palácios, pacificamente com total respeito e reverência as Instituições da República, portanto, sem causar prejuízo material algum, apenas ter usufruído, mesmo por apenas algumas horas, do seu poder constitucional, nos termos do parágrafo único do artigo primeiro da Constituição da República, teria sido o dia mais lindo da democracia brasileira. Ressalta-se que não havia líder, apenas a vontade do povo soberano. Infelizmente o sonho utópico que margeou a concretização, se transformou em pesadelo, na medida em que o turbilhão gerado, oxigenou a tempestade perfeita, resultado da união do espírito revanchista - magoa, ódio e ressentimento - pelo pior do oportunismo - tirar vantagem política de uma anomalia - componentes deletérios que criaram uma falsa aura de comoção nacional, abrindo caminho para, destemperadamente, dolosamente, abusivamente, ilegalmente e irresponsavelmente, o mais nefasto caça às bruxas da história do nosso regime democrático. Com efeito, o mal maior para a democracia, adveio exatamente daqueles que se alvoram seus defensores, pelo menos nos vibrantes discursos; nos bem elaborados artigos e nos abaixo assinados, avivados pela velha imprensa, que se calaram silente sobre a maior agressão ao Estado Democrático de Direito, a preferir surfar na onda do politicamente correto, a deixar fluir a destilação do ódio, este sim verdadeiro, acumulado, desde sempre, especialmente nos últimos dez anos.
Pois bem, o que os verdadeiros deuses onipotentes fizeram: ao invés de buscarem os verdadeiros vândalos, premissa maior em qualquer investigação, facilmente identificados nas milhares de imagens disponíveis, optaram pelo caminho mais confortável e muito mais impactante politicamente, a investigar os cidadãos de bem, fácil de encontrar pois possuem endereço e empregos fixos, e que de maneira até ingênua, característica de quem é idôneo, permaneceram na porta do Quartel do Exército. Cabe aqui enfatizar como bem enfatizou o jornalista J.R. Guzzo, no seu artigo "Isso é democracia? Publicado no Estadão de domingo 26/02 - pag. A9: "Também não é crime estar perto do crime, ou de criminosos - da mesma forma como não é crime estar dentro de um estádio de futebol quando bandos de marginais brigam entre si nas torcidas organizadas", desta forma, o simples fato de estarem no Quartel não caracteriza flagrante, portanto jamais poderiam ter sido tirados e transportados, pela "ferrovia do holocausto" que se transformou a avenida Duque de Caxias, para um verdadeiro e vergonhoso "campo de concentração". A libertação recente da maioria deles, não apaga a terrível mácula, até porque, apesar de ficarem dois meses encarcerados, até o presente momento nenhuma autoridade foi capaz de afirmar quem deles cometeu crime, ou não cometeu! Fato muito mais agravado pela continuidade do autoritarismo, quanto a obrigatoriedade do uso de tornozeleira eletrônica. Destarte que o Quartel General do Exército, tem o epiteto de "Forte Caxias", e vejam que ironia, pois Luiz Alves de Lima e Silva, o nosso Duque de Caxias, foi imortalizado como o "Pacificador". Será que vem daí a tal força pacificadora das Forças Armadas!?
Isto posto, a pergunta que não quer se calar é: por que os vândalos que quebraram o relógio de Dom João VI; furaram o quadro de Di Cavalcanti, e que aparecem tentando quebrar os vidros da entrada do Palácio do Planalto etc., facilmente identificados nas redes sociais, ainda não foram presos; e se foram porque não divulgam quem são e suas respectivas fichas criminais? Corrobora neste sentido, o fato de o governo estar jogando pesado para que não seja instalada a CPI dos atos de 8 de janeiro, no Congresso Nacional. O que será que, agora, preocupa o governo petista, se foi duro, enfático e até cruel contra os "golpistas terroristas" !? Com certeza são estes os vetores do terrível efeito manada que levou ao 8 de janeiro de 2023.