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Meio ambiente marinho, mudanças climáticas e os grupos geracionais

Na contemporaneidade, as contribuições das crianças e adolescentes, pertencentes aos grupos geracionais "Y", "Z" e "Alpha" de todos os países do mundo, estão sendo consideradas indispensáveis no combate emergencial da maior crise ambiental do planeta.

sábado, 2 de abril de 2022

Atualizado em 1 de abril de 2022 09:35

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

Introdução

Nos últimos anos, as notícias relacionadas a preservação do "verde" vêm ganhando muito destaque, mas a humanidade parece esquecer ou não saber, que sem o "azul" o "verde" não existe, já que o "azul" é vital para a estabilidade climática e habitabilidade no Planeta Terra, também chamado Planeta Azul. Denominação dada pelo cosmonauta russo Yuri Alekseievitch Gagarine e primeiro ser humano a chegar ao espaço, em 12 de abril de 1961. Orbitou a Planeta durante uma hora e quarenta e oito minutos e, posteriormente, via rádio ao comando russo afirmou: "A Terra é azul", frase que ficou imortalizada na história (ALVES, 2021). Outros voos espaciais com cosmonautas (russos), astronautas (americanos) e taikonautas (chineses) em suas viagens espaciais viram e fotografaram de suas naves a Terra, confirmando ser ela uma esfera azul. É azul, porque decorre da combinação de dois componentes externos que estão em sua superfície: primeiramente, de 1,5 bilhão de quilômetros cúbicos de água, equivalente a 70% de sua área, resultando mais água do que terra firme no planeta; e, segundo, dos gases que o envolvem (CAPELAS JÚNIOR, 2021).

Os oceanos e mares possuem uma enorme biodiversidade; mantém um papel essencial na fixação do dióxido de carbono (CO2); regulam o clima terrestre; fornecem à atmosfera a maior quantidade de oxigênio (O2); e, desenvolvem relevantes funções para o desenvolvimento social, cultural e econômico da sociedade. Apesar de toda sua importância à vida planetária, os seres humanos continuam a negligenciá-los por continuarem a acreditar que são tão grandes, tão vastos, tão resilientes, tão invencíveis, tão infinitos em sua capacidade de produzirem o que precisam tirar deles ou colocar neles, que nunca seriam afetados. No entanto, as excessivas atividades das ações humanas neles, dentre elas, as diversas formas de contaminação existentes, a alteração dos habitats naturais, a perda de espécies marinhas, a acidificação, o aquecimento, o derretimento das geleiras e, a elevação do nível do mar, causaram e continuam a causar grandes impactos ao meio ambiente marinho (RAMALHO, 2021). E, ainda, em nome da "ciência", há muitos anos recepcionam centenas de explosões nucleares; em benefício do "progresso", recebem despejos de substâncias tóxicas das indústrias e do derramamento de petróleo (navios petroleiros e plataforma de petróleo no mar) e rejeitos radioativos (usinas nucleares). Outro fator muito importante a ser destacado, são as pessoas não estarem fazendo o elo conectivo entre os "oceanos" com o "clima". No que se refere aos "oceanos", estão intimamente ligados à "atmosfera". Mudanças no sistema "oceanos-atmosfera" podem levar as mudanças climáticas no planeta como, inequivocamente, afirmam os pesquisadores e cientistas. À medida que a "atmosfera" aquece (decorrência da maior concentração dos gases efeito estufa, ex: CO2), a superfície dos "oceanos" retém mais calor e sendo transportado pelas correntes marinhas (moderadoras da temperatura e do movimento de calor ao redor do planeta), repercutindo no clima global. Na atualidade, os "oceanos" estão absorvendo aproximadamente 90% do aumento do CO2 da "atmosfera" (MARUYAMA; SUGUIO, 2009). Portanto, o aumento da concentração de gases causadores do efeito estufa (CO2) estão intimamente relacionados ao aumento da temperatura da "atmosfera"; e, no que diz respeito aos "oceanos", absorvem o calor produzido pelo aquecimento global e mais o CO2.

Segundo Mesquita (2021), "As questões dos oceanos e as consequências do efeito dos gases de efeito estufa, não recebem da população tanta atenção quanto o plástico, em grande parte porque "não são visíveis", mas não menos importante. Além disso, esses gases estão tirando o "oxigênio" dos oceanos, pelo motivo que quanto mais quente fica a água marinha menor a concentração de O2., tão essencial para os oceanos quanto para a terra. Embora o "oxigênio" possa variar nas diferentes profundidades oceânicas, o aumento da temperatura das águas marinhas está causando nessas áreas mais profundas, já com baixo teor de "oxigênio", a falta dele, e com isso mudando os habitats da vida subaquática, por estar ficando difícil alguns peixes respirarem nessas zonas mais profundas e hoje estarem chegando mais na superfície". Logo, adverte-se que a relação "clima-oceanos-atmosfera" estão desiquilibradas e causando graves mudanças climáticas no planeta, como o aumento das chuvas e das tempestades sendo mais fortes e duradouras; furacões e tornados; correntes marítimas mais lentas; e, os ecossistemas marinhos alterados (ex: corais e as espécies que deles dependem) ou extintos.

No final do século XIX, o advogado e pensador norte-americano Robert Green Ingersoll, apreciou com perspicácia o meio ambiente e dessa reflexão emitiu a seguinte frase: "Na natureza não existem recompensas nem castigos. Existem consequências" (INGERSOLL,2021).  Não há dúvida, de que a maioria das dificuldades ambientais existentes na atualidade no Planeta é fruto do homem, devido a sua má relação com a natureza que acabou gerando muitos problemas ambientais, a ponto de colocar em risco a sua própria existência e das gerações futuras. No tocante, ao meio ambiente marinho, este já não está mais tendo a capacidade de se ajustar aos danos ambientais, continuamente causados pelos seres humanos, já existindo um comprometimento de sua saúde ambiental. Diante dessa nova realidade há a necessidade de se buscar um equilíbrio maior entre o homem e a natureza (FIORILLO, 2021); e, a Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 225 estabelece, ser necessário garantir as presentes e futuras gerações o direito ao meio ambiente sadio e equilibrado. Para isso, é preciso uma mudança comportamental das pessoas para que possam efetivamente zelar pelo meio ambiente, inclusive o marinho, que é um patrimônio da humanidade (BRASIL, 2021).

Os oceanos e seu ecossistema estão cada vez mais ameaçados, com danos já irreversíveis e cuidar do meio ambiente marinho é uma questão inadiável. A rápida mudança ambiental que nos últimos anos o planeta vem enfrentando, exige  pela primeira vez na história, que os humanos não pensam apenas em termos de semanas, anos ou décadas é necessário pensar no agora. Por essa razão, os grupos geracionais "X", "Y" e "Alpha" estão mostrando-se cada vez mais comprometidos com o meio ambiente e os meios sociais. Hoje mais do que nunca proteger os oceanos é proteger a humanidade.

1  Grupos Geracionais

A sociedade com o passar dos anos foi transformando, gradativamente, seus princípios, valores, forma de pensar e agir. Com o objetivo de compreender o modo comportamental e de pensar dos seres humanos sobre alguma "questão" em determinada época, os cientistas separaram e classificaram os períodos da vida dos indivíduos em grupos geracionais, com o propósito de entender as características geracionais e utilizá-los como uma lente sobre determinado fato, porque cada grupo possui uma visão do mundo. A perspectiva histórica para reconhecer como essas mudanças impactaram cada uma das gerações, também são fundamentais para auxiliar a compreensão. Desse modo, congregar um grupo de pessoas de acordo com o conjunto de situações e processos históricos vividos, dá a possibilidade de agrupá-los por faixa etária, possibilitando a criação de uma determinada geração.

No ano de 1991, Neil Howe e William Strauss, apresentaram a Teoria Geracional de Strauss-Howe, no livro "Generations", estabelecendo que o nascimento de uma nova geração ocorres a cada período de 20 ou 25 anos e cada uma com uma nova denominação, por ser uma geração exclusiva e com características únicas para o seu surgimento. As pessoas pertencentes a um grupo, nascem, vivem próximas da mesma época e estão diretamente ligadas por seus comportamentos, crenças, costumes, expectativas, experiências, histórias, valores encontrados nesse tempo. Tudo isso, contribui por influenciar diretamente em suas personalidades, conduzindo nas peculiaridades de cada ciclo em comparação com as demais e, por esse motivo, cada grupo de indivíduos se comporta de determinada maneira, com base na realidade do momento em que vive (BERMÚDEZ, 2021).

Em princípio, o surgimento dos grupos geracionais e o mapeamento de seus perfis estavam associados com a finalidade de decifrar as tendências e aprimorações das ações para as áreas de publicidade e marketing, em virtude da competitividade do mercado empresarial, que passou a enxergar a necessidade de entender como a propaganda afetava as pessoas (consumidores) e os negócios (comerciantes/industriais). Ao longo dos anos, segundo Cordoni (2021), identificou-se a oportunidade de utilizar esses dados como ferramenta e termômetro para outras áreas, produzindo novas pesquisas para decifrar e apreciar o que elas têm de melhor a oferecer, por exemplo, no âmbito ambiental, social, econômico e político. Em relação

ao meio ambiente, observa-se, que as novas gerações possuem uma consciência ambiental mais forte e conhecimentos necessários para guiar as atuais sociedades em direção a um futuro ambiental mais saudável e mais cuidado, por exemplo, com a promoção de energias renováveis; programas de conscientização, educação e conservação da natureza; deter as mudanças climáticas. Para compreender o comportamento geracional em relação ao meio ambiente é necessário, primeiramente, conhecer as diferentes gerações ao longo do tempo.

Helena Maria de Godoy Martinho

Helena Maria de Godoy Martinho

Graduada em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (MACK); Pós-Graduada em Direito Médico e Hospitalar pela Escola Paulista de Direito (EPD); Mestre em Saúde Ambiental pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).

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