A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa – causada pelo Mycobacterium Leprae -, de evolução lenta, que se manifesta, principalmente, através de sinais e sintomas como lesões de pele e lesões de nervos periféricos, principalmente nos olhos, nas mãos e pés. O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da doença e lhe dá um grande potencial para provocar incapacidades físicas, que podem evoluir para deformidades. Essas incapacidades e deformidades podem acarretar problemas para o doente: diminuição da capacidade de trabalho, limitação da vida social e problemas psicológicos, sendo responsáveis, também, pelo estigma e preconceito contra a doença.
A origem da hanseníase
A hanseníase é uma das mais antigas doenças da humanidade. A evidência sobre sua origem baseia-se em escritas de diferentes civilizações e em lesões encontradas em restos de ossos. A provável origem da doença é na Índia.
1500 a.C. na Índia: no RegVeda Samhita (livros sagrados) a Hanseníase é denominada "Kushta".
600 a.C. na Índia: No livro Sushruta Samhita, a Hanseníase e denominada "Vatratha".
400 a.C. na China: Hanseníase é citada na literatura chinesa antiga com nome: Da Feng.
2000 a.C. no Egito: Encontrado uma múmia do século 2 a.C. com restos de ossos com lesões semelhantes à Hanseníase.
Bíblia - Livro do Êxodo: O termo "Tsaraath" significava condição anormal na pele dos indivíduos, das roupas ou das casas, que necessitava de purificação. Na tradução grega a palavra "Tsaraath" foi traduzida como lepra e lepros, que significa algo que descama.
A hanseníase pode ter chegado à Ásia e Grécia através do Império Persa pelo seu contato com a Índia em 510 a.C.. Expansão pela Grécia a partir das guerras de conquista pelos imperadores Persas em 480 a.C.. A doença chega na Europa em 300 a.C. através dos soldados de Alexandre o Grande, contaminados na guerra da Índia. Conquistas romanas disseminaram a doença para outras regiões européias. Em 1696 no Brasil o Governador Artur de Sá e Menezes procura dar assistência no Rio de Janeiro aos "Míseros Leprosos" (como eram chamados na época) que já estão em número apreciável.
A lepra foi durante muito tempo incurável e mutiladora, forçando o isolamento dos pacientes em leprosários, principalmente na Europa, na Idade média. Leprosários famosos e duradouros: Kalaupapa (Hawaii), Chacachacare (Trinidade), The Basin (Victoria) e Spinalonga (Creta). Diversas colônias localizavam-se em ilhas, de modo a melhor segregar os doentes do resto da população.
Na França, milhares de doentes foram queimados nas fogueiras. O doente recebia um par de luvas e uma espécie de sino para anunciar sua chegada a lugares públicos. Milhares de pessoas foram expulsas das comunidades, ingressando nas colônias de leprosos ou mendigando na periferia das cidades. A Bíblia faz menção a um desses mendigos – na parábola “O Rico e Lázaro” – que tinha o corpo coberto de chagas, comia restos do banquete de um abonado da época e só tinha o cão como companheiro para lamber-lhe as feridas. Acabou virando santo da Igreja: São Lázaro. No interior do Brasil, São Lázaro e outras entidades afro-brasileiras recebem pedidos de cura de doenças de pele. Obtendo a graça, a pessoa que fez a promessa oferece um banquete para os cães, geralmente nos terreiros.
No Brasil, os doentes eram vítimas de internação compulsória. A prática do isolamento continuou até 1976. Dos 101 antigos hospitais colônias do país, 33 ainda estão em atividade e abrigam antigos doentes que passaram a vida nas colônias e hoje não têm para onde ir. O aspecto humanista só passou a ter espaço recentemente.
Em 2003, um documentário brasileiro “Os Melhores Anos de Nossas Vidas”, da cineasta Andrea Pasquini, que conta as histórias dos moradores do Santo Ângelo, antiga colônia em Mogi das Cruzes/SP, foi premiado no festival “É Tudo Verdade”, um dos maiores do mundo. O Ministério da Saúde comprou os direitos de reprodução do filme para usá-lo em campanhas educativas.
Porque a lepra chama-se hoje no Brasil hanseníase?
O Brasil adotou em 1976 a palavra “Hanseníase” em homenagem ao descobridor do bacilo da doença, o norueguês Dr. Gerhard Armauer Hansen. Adotada a terminologia “Hanseníase” ou “Doença de Hansen” pode-se começar a educação da saúde, que vai convencer o doente de que ele é igual aos outros; a sociedade, de que ele deve ser recebido como “homem como outro qualquer”, e, ao empregador, de que ele só poderá sofrer restrições por deficiência físicas irreparáveis ou certeza de constituir fonte de infecção, nunca por superstições ou pressões sociais fundadas na ignorância ligada à “Lepra” do passado.
Falta de Saneamento Básico (Água tratada e encanada, rede de esgoto com estação de tratamento, coleta de lixo com aterro sanitário, controle de animais
Moradia indigna
Desnutrição
Serviço de Saúde deficiente
Stress físico e/ou psíquico
__________________