quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Arquivo do dia 25/01 de 2016

PILULAS

"Éramos felizes e não sabíamos." É o que devem estar dizendo os criminalistas que na última sexta-feira foram acompanhar os interrogatórios de seus clientes na operação Zelotes. Como o caso é o mesmo da Lava Jato (não venha dizer que há diferenças, porque no final é tudo a mesma coisa), e muitos advogados estão lá e cá, ficou impossível não fazer a comparação entre os procedimentos de Moro x Vallisney de Souza Oliveira. O magistrado da 10ª vara da Justiça Federal de Brasília armou um verdadeiro circo para as oitivas. Derrubou-se a parede da sala de audiências para emendar uma sala contígua onde pudesse ficar a imprensa. Em outra sala, mandou instalar até um telão. Parecia que ia haver um show de rock. Parecia, até que se descobre que um dos réus não tinha sido intimado. Procura aqui, procura ali, folheiam-se os autos e nada da intimação. Resultado: adiado o interrogatório. A secretaria do Moro, dizem, não come essa bola. E, com mais experiência, o juiz paranaense sabe que um processo com tantos réus não acaba nunca, e quando acaba é em nulidade. De fato, impossível se cercar de tudo com 60 réus. Já no primeiro dia isso ficou claro. Para completar o espetáculo, os presos chegando no camburão, sendo que um dos mais famosos, o lobista APS, estava no chiqueirinho. Os mais velhos, um com 80 anos de idade, com as algemas presas em cima, nos popularmente chamado "puta que pariu". Uma senhora, também presa, e encarcerada só por ser esposa de um lobista, chegando numa cadeira de rodas, sem poder andar por conta de uma cirurgia recentemente feita. Enfim, um verdadeiro espetáculo. Mas não judicial. Porque, convenhamos, Justiça não é isso, nem para isso.