Migalhas Quentes

Relator do pedido de extradição de Battisti considera ilegal a concessão de refúgio ao italiano

O relator do pedido de extradição (Ext 1085) do italiano Cesare Battisti, ministro Cezar Peluso, considerou que o ato do Poder Executivo que concedeu refúgio ao escritor no Brasil é "ilegal e absolutamente nulo".

9/9/2009


Caso Battisti

Relator do pedido de extradição de Battisti considera ilegal a concessão de refúgio ao italiano

O relator do pedido de extradição (Ext 1085 - clique aqui) do italiano Cesare Battisti, ministro Cezar Peluso, considerou que o ato do Poder Executivo que concedeu refúgio ao escritor no Brasil é "ilegal e absolutamente nulo".

A questão foi levantada em caráter preliminar ao julgamento da extradição – já que por lei um estrangeiro considerado refugiado não pode ser entregue a outra nação para ser punido. Ao terminar a análise da preliminar, a sessão foi suspensa e será retomada às 14h, após o intervalo para o almoço.

Battisti obteve o status de refugiado político em janeiro, por meio de decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, que modificou a decisão do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) de negar o refúgio. Na visão de Peluso, o Conare julgou o caso da maneira correta e seria possível o Supremo decidir contrariamente à decisão de Genro para cassar o refúgio concedido por ele.

Peluso leu a íntegra da decisão do ministro da Justiça e refutou o primeiro argumento escrito por Tarso Genro no ato: o de que a Itália não seria, à época da atuação de Battisti e de sua condenação, um Estado democrático de Direito. Segundo Peluso, isso não poderia ser motivo para concessão do refúgio hoje em dia, porque a Itália atual não desrespeitaria os direitos democráticos de Battisti (direitos como à ampla defesa, ao contraditório, ou ao devido processo legal).

Ele também questionou o segundo dos quatro fundamentos de Genro, que considerou a condenação de Battisti como tendo ocorrido "nos porões" de um regime ditatorial, pelas "forças ocultas de um aparelho estatal". Para o relator do caso no Supremo, essa visão do ministro da Justiça questiona a competência e a soberania do Judiciário italiano, o que seria, para ele, inadmissível.

Peluso também discordou da decisão do ministro da Justiça naquilo que deixou de considerar a real natureza dos crimes pelos quais o italiano foi condenado. "Não há a mínima referência sobre os crimes", disse o relator, lembrando que Battisti foi condenado por matar quatro pessoas: um agente carcerário, um homem durante um assalto a um açougue, um joalheiro em emboscada e uma mulher, por vingança. O relator considera que, diante do ordenamento jurídico brasileiro, estes são crimes comuns hediondos, não políticos. Por isso ele não poderia ter a garantia do refúgio.

O quarto e último fundamento rebatido pelo magistrado na decisão de Genro seria "de absoluta impertinência", porque o ministro da Justiça discorreu sobre os motivos que fizeram Battisti ser expulso da França após morar uma década no país e nele constituir uma família.

Battisti foi condenado em seu país por supostamente ter provocado as mortes de quatro pessoas durante o tempo em que esteve na resistência comunista contrária ao governo italiano nos anos 70. Sua defesa pede que o processo de extradição seja extinto uma vez que ele já foi considerado refugiado. Ou, caso o Supremo decida superar essa questão preliminar e analisar o mérito processo de extradição, que Battisti seja colocado em prisão domiciliar, já que teve reconhecida, pelo Estado brasileiro, a condição de refugiado, desde 13 de janeiro.

_________
______________

Leia mais

Leia mais - Artigos

_________________

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Notícias Mais Lidas

Veja áreas que mais remuneram advogados segundo pesquisa da OAB/SP

15/8/2024

Advogado é agredido por PMs; Justiça manda devolver fiança

15/8/2024

Pais terão IR penhorado por publicação de filhos ligando Moraes ao PCC

15/8/2024

CNJ implementa modelo-padrão de ementas para decisões judiciais

14/8/2024

Justiça determina interdição de santuário dedicado a Lúcifer no RS

14/8/2024

Artigos Mais Lidos

A doação em vida não resolve o problema: O aumento do ITCMD na reforma tributária

15/8/2024

ITCMD: Postergar planejamento sucessório pode sair caro por causa da reforma tributária

15/8/2024

Quando o advogado deve dizer “não”?

15/8/2024

Por que as buscas e apreensões extrajudiciais ainda não saíram do papel?

14/8/2024

Invalidade da cláusula non cedendo em face da Lei das Duplicatas

16/8/2024