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Turcos ! Uma forma brasileira de designar todos os árabes, sejam eles da Síria, do Líbano ou de fato, e propriamente dito, da Turquia

Migalhas explica a confusão que existe no Brasil: nem todo turco é turco !

15/5/2009


Turcos no Brasil

Turcos ! Uma forma brasileira de designar todos os árabes, sejam eles da Síria, do Líbano ou de fato, e propriamente dito, da Turquia

"Raduan Murad e Jamil Bichara descobriram a América juntos: vieram no mesmo barco de imigrantes e desembarcaram na Bahia em 1903. No litoral sul do Estado, eram chamados de 'turcos', forma brasileira de designar todos os árabes, fossem eles da Síria, do Líbano ou de fato, e propriamente dito, da Turquia". Este trecho pertence a obra "A descoberta da América pelos turcos", de Jorge Amado. O livro é uma narrativa sobre a contribuição dos descendentes de árabes na civilização do cacau, durante a época em que coronéis e jagunços disputavam as terras virgens da região de Ilhéus.

Neste romance, Jorge Amado não só retratou a realidade da terra baiana, mas a do país inteiro.

A obra fala, por exemplo, da confusão entre turcos, sírios e libaneses.

Tudo começou em meados do século XII e XIII, quando a civilização árabe estava em seu apogeu. Nessa época o Oriente Médio foi invadido por hordas vindas da Ásia Central : os Tarmelão e seus tártaros, os Gengis Khan e seus mongóis, Osman e seus turcomanos. Uma breve passagem que durou apenas 8 dias.

Tarmelão (na estátua ao lado) e Gengis Khan passaram rapidamente, mas os turcomanos fundaram o Império Otomano, que durou oito séculos, até o fim da 1ª Guerra Mundial.

Cortados do mundo pela presença Otomana, a população árabe conheceu as privações e a pobreza.

Seu único recurso era emigrar, mas o Monte Líbano, não sendo um Estado, não podia emitir passaportes, e a população árabe tinha que viajar com passaportes de autoridades turcas. A fuga também era para não terem de servir o Exército turco. Como em seus passaportes anotava-se a nacionalidade turca, ao chegar ao Brasil começaram a ser chamados de "turcos".

Em 50 anos da imigração, dos anos 1880 a 1930, predominou a imigração de libaneses cristãos. Até 1920, o principal motivo que levou essas pessoas a emigrarem, além da falta de perspectivas econômicas, era a oposição ao governo turco-otomano, que gerou um grande movimento emigratório de cristãos no início do século.

A imigração no Brasil

O Brasil era um país quase desconhecido no mundo árabe. Os imigrantes apenas sabiam que estavam indo para a América e, por muitas vezes, imaginavam estarem indo para os EUA. Ao chegar ao Brasil, muitos árabes se chocaram ao descobrir que estavam, de fato, aportando na América do Sul.

Os imigrantes começaram a desembarcar no Brasil em fins do século XIX. No início do século XX, esse fluxo imigratório cresceu e passou a se tornar importante, desembarcando no Brasil cerca de 70 mil pessoas. Em sua maioria, eram comerciantes sírios e libaneses que se tornaram mascates no Brasil, percorrendo as grandes cidades e as fazendas do interior para vender seus produtos. Com o passar do tempo, passaram a fundar pequenas lojas de comércio (armarinhos) nos centros urbanos e prosperaram. O fluxo de imigrantes sírio-libaneses também foi acompanhado por armênios que viviam em regiões próximas.

Por falar em comércio de mascate, Senor Abravanel foi um deles. Mais conhecido como Sílvio Santos, o apresentador herdou a descendência de sua mãe, Rebeca Abravanel, que nasceu na Turquia. Hoje, é um empresário de sucesso.

Dados

Os dados sobre o grupo de imigrantes árabes que chegou ao Brasil no começo do século XX são imprecisos. E se o objetivo for dividir a imigração síria da libanesa, a tarefa fica um pouco mais difícil. Era na verdade só a Síria. Então os primeiros que vieram vinham com passaporte turco, como se fosse da Síria, só que não dava para saber se eram sírios ou libaneses, porque não existia essa distinção.

O número real de turcos no Brasil sempre foi uma incógnita, mas o que não podemos deixar de citar é a contribuição que todos os árabes deram ao crescimento social, econômico e cultural do Brasil

A Turquia de hoje

A Turquia é uma república parlamentária baseada na separação dos poderes legislativo, executivo e judicial, governada pelo Presidente e pelo Primeiro Ministro.

Os partidos vão dos nacionalistas conservadores aos socialistas. O país tem uma vocação europeia; é membro do Conselho Europeu desde 1949, membro da OTAN desde 1952 e membro aliado da EU (antigo Conselho Económico Europeu) desde 1963. Em 1996 a Turquia estabeleceu acordos alfandegários com a União Europeia e actualmente, é candidata à entrada na União Europeia, num processo de harmonização da sua legislação e administração às normas comunitárias. Em Maio de 2000, Ahmet Necdet Sezer foi eleito novo Presidente.

A diversidade da cultura turca reflete a mistura de vários elementos das tradições otomanas, européias e islâmicas. Após a transformação do país num Estado moderno com nítida separação entre mesquita e Estado, o governo investiu consideravelmente na área de belas artes, inclusive museus, teatros e arquitetura. Hoje, a economia turca é suficientemente próspera para que o setor privado também financie manifestações artísticas.

A cultura da Turquia equilibra-se entre a aspiração de ser "moderna" e ocidental, por um lado, e a necessidade de manter valores tradicionais religiosos e históricos.

Relações com o Brasil

No próximo dia 21/5, Istambul receberá o presidente Lula para um evento organizado pelo Itamaraty, dando continuidade a missão empresarial brasileira que também visitará Arábia Saudita e China. Na ocasião, empresários e autoridades brasileiras se encontrarão com autoridades governamentais e representantes do setor empresarial da Turquia com objetivo de fomentar o comércio e os investimentos bilaterais.

O comércio Brasil-Turquia apresentou crescimento vertiginoso desde 2001. Em 2008, as exportações brasileiras para o país atingiram a cifra recorde de US$ 816 milhões. As importações brasileiras provenientes da Turquia também registraram sua maior cifra em 2008 (US$ 337 milhões), resultando em superávit de US$ 478 milhões a favor do Brasil e em corrente de comércio bilateral de US$ 1,1 bilhão. No mesmo ano, a Turquia importou US$ 204 bilhões de todo o mundo, dos quais apenas 0,4% provenientes do Brasil, indicando enorme margem para a ampliação das exportações brasileiras para esse mercado.

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