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Tarso Genro aprova refúgio do escritor italiano Cesare Battisti

O Ministro da Justiça, Tarso Genro, decidiu pela concessão de refúgio ao italiano Cesare Battisti, por entender que existe o elemento de "fundado temor de perseguição". O voto foi proferido ontem, depois de analisados os argumentos do recurso impetrado contra a negativa do Comitê Nacional para os Refugiados - Conare, em novembro passado.

14/1/2009


Refúgio

Tarso Genro aprova refúgio do escritor italiano Cesare Battisti

O Ministro da Justiça, Tarso Genro, decidiu pela concessão de refúgio ao italiano Cesare Battisti, por entender que existe o elemento de "fundado temor de perseguição". O voto foi proferido ontem, depois de analisados os argumentos do recurso impetrado contra a negativa do Comitê Nacional para os Refugiados - Conare, em novembro passado.

Cesare Battisti, 52 anos, foi condenado à pena de prisão perpétua por duas sentenças, com processo de extradição passiva executória. No pedido de extradição, a Itália alega quatro homicídios que o escritor teria cometido entre 1977 e 1979.

No voto, o ministro Tarso cita o Estatuto dos Refugiados, de 1951, e a lei 9.474, de 1997 (clique aqui), que prevê como motivo de refúgio "fundado temor de perseguição por motivos de raça (...) ou opinião política". Segundo ele, a Itália reconhece a conotação política, uma vez que na sentença de Battisti consta o crime de associação subversiva, "com a finalidade de subverter o sistema econômico e social do país".

As turbulências políticas na Itália ocorreram de 1970 a 1980. Os homicídios imputados a Battisti foram em junho de 1978 e abril de 1979. Nesse período, o Estado italiano, para se proteger, criou normas jurídicas de exceção.

Battisti fugiu da Itália para a França em 1981. Só depois foi condenado, com acusações não embasadas em provas periciais, mas em testemunho do delator premiado Pietro Mutti, ex-companheiro de Battisti. A concessão de refúgio na França se deu por motivos políticos. O presidente François Mitterrand acolheu os italianos sob a condição de que abandonassem a luta armada.

Battisti permaneceu na França por mais de dez anos, até que sua condição de refugiado foi revogada, na gestão do presidente Jacques Chirac. Seria extraditado para a Itália. O que havia sido negado por razões políticas, a extradição da França no governo Miterrand, agora seria concedido, também por razões políticas no governo Chirac, diz o voto do ministro.

Com a mudança de posição do Estado francês, Battisti vem para o Brasil, onde está preso desde 2007 na penitenciária do Distrito Federal. Daí a configuração do elemento de "fundado temor de perseguição", necessário para o reconhecimento da condição de refugiado".

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