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Restauro revela pinturas neoclássicas em igreja de SP

23/11/2007


Arte

Restauro revela pinturas neoclássicas em igreja de SP

A celebração da missa de Natal na capela-mor da Igreja do Largo S. Francisco, na região central de São Paulo, vai trazer uma decoração colorida e especial aos fiéis. O presente faz parte da reta final de restauração do templo, que, ao tratar da reforma do forro, encontrou pinturas em moldes florais, com imagens de anjos escondidas em nuvens, do século 19.

A decoração estava escondida sob camadas de tinta cinza. O trabalho feito com tinta óleo não tem data nem autoria ainda conhecida. As imagens são típicas das igrejas neoclássicas construídas no período de 1870 a 1920. "Imagino que a pintura foi feita durante a reconstrução da capela-mor, que pegou fogo em 1870", diz o arquiteto Cláudio Forte Maiolino, um dos responsáveis pelo projeto de restauração da igreja. A restauração completa das imagens do forro da capela-mor serão apresentadas em uma missa programada para a noite de Natal.

A descoberta ocorreu em maio, quando a equipe inspecionava o estado das madeiras do forro da igreja. Por sorte, a base da tinta cinza utilizada no forro era diferente do tempero a óleo da pintura do século 19. "Ela serviu de proteção e encontramos a pintura em excelente estado de conservação", ressaltou Maiolino. O trabalho de restauração da igreja já dura 13 meses. A captação dos recursos é pela Lei Rouanet.

Maiolino afirma que a parte principal da restauração já foi concluída, com a reforma do telhado, novas instalações elétricas e o serviço de descupinização. O custo total da restauração foi estimado em R$ 2,5 milhões. A Nossa Caixa fez o primeiro repasse de R$ 1 milhão e o BNDES, de R$ 1,2 milhão.

"Ainda precisamos captar R$ 150 mil para a sonorização da igreja, a iluminação externa e a limpeza do piso interno", afirma o arquiteto. Para ajudar na captação, ele pretende fazer uma apresentação de fotos da descoberta e das obras já realizadas durante as missas celebradas na igreja. "É um jeito de a comunidade se envolver na restauração."

Franciscana

Segundo a professora de restauro da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Nanci Valente, responsável pela obra na igreja, as pinturas encontradas no forro são importantes por serem características da iconografia franciscana. "Elas eram mais coloridas, mas foram retocadas numa intervenção provavelmente na década de 50", diz. Os santos como Santo Antônio, raios de luz e o desenho de alguns anjos são os elementos citados pela professora. Para encontrá-los nas cores originais - segundo Nanci, mais "tropicais" - foi preciso testar técnicas de remoção mecânica com solventes. "Mesmo a iconografia estava alterada. A original tinha qualidades estéticas superiores a que surgiu depois dos retoques", afirma.

O forro é mais recente do que a igreja, sendo o primeiro do século 19 e a segunda, do século anterior. A pintura do forro é mais um elemento artístico e histórico dentro de uma igreja repleta de relíquias. "É uma aula de arquitetura. Há de tudo: a taipa, o forro em abóboda-de-berço, os entalhes, a imaginária", diz Nanci.

O Convento de São Francisco obteve autorização para fundação em 29 de novembro de 1624, mas a construção só teve início em 1639. Como o primeiro local foi considerado impróprio, frei Francisco das Neves determinou uma segunda construção, em 1644. Em 1828, o governo requisitou o edifício, retirou os religiosos, e o transformou em Academia de Ciências Sociais e Jurídicas, onde hoje funciona a Faculdade de Direito da USP.

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Fonte: O Estado de S. Paulo - 22/11/07
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