"Cansei"
Movimento reúne 5 mil pessoas na Praça da Sé
A concentração para o Ato Público e Culto Inter-religioso, organizado pelo Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros (Cansei) começou cedo na sede da OAB/SP, onde os representantes das mais de 60 entidades organizadoras, artistas, desportistas, diretores e conselheiros da OAB/SP chegaram desde as 11 horas, reunindo-se nos auditórios do 1 º e 2 º andares. Quase às 13h, os convidados se deslocaram do prédio da Ordem para o palco em frente às escadarias da Sé.
Na abertura da manifestação, o presidente da OAB/SP, Luiz Flávio Borges D'Urso, destacou, mais uma vez, que o movimento não tem cunho político-partidário e que pretende acordar a sociedade brasileira para participar do processo democrático. "Esse movimento nasce da sociedade, do povo, esse movimento é apartidário. Esse movimento não é contra governo. É a favor do Brasil. O movimento tem uma expressão que tenta traduzir o sentimento de todo brasileiro, que é a expressão Cansei, seja da corrupção, criminalidade, bala perdida, criança abandonada, caos aéreo, carga tributária e impunidade", afirmou D'Urso.
Às 13h, a Sé silenciou para observar um Minuto de Silêncio pelo Brasil. Ao final do ato simbólico, as pessoas aglomeradas nas escadarias da Catedral da Sé e à frente do palco - aplaudiram. "Esse minuto de silêncio não acaba aqui, porque além de ser uma homenagem em memória das vítimas que morreram no último acidente aéreo, é uma homenagem póstuma a todos aqueles perderam a vida, em outros tragédias aéreas, como vítimas da criminalidade ou nas estradas. Este minuto de silêncio é para todos aqueles que tiveram brutalmente suas vidas ceifadas, é uma atitude de indignação diante de todos os problemas brasileiros", enfatizou D'Urso.
Além de representantes de entidades de classe, artistas, desportistas e jornalistas emprestaram seu apoio ao Movimento Cansei e participaram da manifestação, como Hebe Camargo, Ivete Sangalo, Agnaldo Rayol, Osmar Santos, Silvia Poppovic, Paulo Vilhena, Mayara Magri, Fernando Scherer (Xuxa), Wanderléa e Carlos Alberto de Nóbrega.
Culto Ecumênico
O culto inter-religioso reuniu o padre Antônio Maria, o rabino Michel Schlensiger, e o pastor Wagner dos Santos Ribeiro. "Viemos à praça dizer uns aos outros e a nossa pátria que estamos cansados. Diante da Casa de Deus, nós queremos também ouvir Deus nos falar. Hoje Ele também diz para nós: Estou cansado", afirmou o padre.
O rabino Michel Schlesinger destacou a importância do ato. "Também nós estamos cansados de não fazer o que temos de fazer. Esse ato é uma alavanca para muitos outros momentos que todos nós devemos viver para que nosso país se torne realmente o país querido por todos", afirmou.
O ato ecumênico foi finalizado pelo pastor Wagner dos Santos Ribeiro, da igreja Metodista, que explicou porque apóia o movimento: "A indignação perante a impunidade a injustiça deve ser revelada por todo cidadão brasileiro consciente. Eu acredito em um país melhor para os meus filhos, para os meus netos e por isso participo desta manifestação cívica."
Encerrado o culto inter-religioso, todos os integrantes do palco deram-se as mãos e o cantor Agnaldo Rayol, ao lado de Ivete Sangalo, puxou o Hino Nacional acompanhado pela multidão que lotou a Praça da Sé. O presidente D'Urso encerrou a manifestação com um "Viva o Brasil" e foi acompanhado pela platéia.
Avaliação
Na avaliação da coordenação do Movimento, o resultado da manifestação foi positiva. "Foi extraordinário. Nosso propósito era buscar uma grande mobilização de atitude, não convergindo para a Sé, mas que os brasileiros pudessem realizar seu minuto de silêncio onde estivessem. Não havia expectativa de reunir uma grande massa de pessoas, mas nos surpreendeu o número de pessoas que compareceu tomando a praça e as escadarias", disse D'Urso.
Segundo o presidente, o Movimento não pára na manifestação. O primeiro passo foi alcançado e o movimento pretende manter um diálogo permanente que teremos com os governos para canalizar as propostas da sociedade. Para os próximos 15 dias haverá um encontro da coordenação do Movimento com o ministro da Justiça, Tarso Genro e com o secretário de Justiça do Estado, Luiz Antonio Marrey.
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