Os Jogos Olímpicos chegaram ao fim e já deixam saudades. Para aliviar um pouco esse vazio, o Migalhas Cultural destaca dois grandes nomes da história francesa que foram homenageados durante a abertura dos Jogos de 2024: a juíza Simone Veil e a advogada Gisèle Halimi.
Suas contribuições à luta pelos Direitos Humanos e pelos direitos das mulheres foram eternizadas em esculturas às margens do Rio Sena, em Paris. Ambas tiveram um impacto profundo na política e na sociedade francesas, sendo figuras essenciais em importantes avanços históricos na defesa dos direitos das mulheres.
Simone Veil
Simone Veil foi uma das figuras mais importantes da política e da luta pelos Direitos Humanos na França. Nascida em 1927 em Nice, ela teve uma infância marcada pelos horrores da Segunda Guerra Mundial. Aos 16 anos, foi deportada para o campo de concentração de Auschwitz junto com sua família, onde perdeu seus pais e seu irmão.
Sobrevivente da guerra, Simone estudou Direito e Ciência Política, tornando-se magistrada. Sua carreira política começou em 1974, quando foi nomeada Ministra da Saúde na França. Em seu cargo, se destacou por ser a principal defensora da descriminalização do aborto no país, sendo responsável pela aprovação da lei Veil, que legalizou o aborto em 1975.
Além disso, foi a primeira mulher a presidir o Parlamento Europeu, de 1979 a 1982, onde continuou sua defesa dos Direitos Humanos e das mulheres.
Simone Veil faleceu em 2017, aos 89 anos. Em 2018, foi enterrada no Panteão de Paris, um dos maiores reconhecimentos da nação francesa, reservados para seus heróis.
Gisèle Halimi
Gisèle Halimi foi uma renomada advogada, feminista e ativista franco-tunisiana, conhecida por sua luta incansável pelos direitos das mulheres e contra a opressão colonial. Formou-se em Direito em Paris e iniciou sua carreira como advogada, onde se destacou por seu compromisso com a Justiça Social.
Halimi ganhou notoriedade ao defender militantes argelinos durante a Guerra de Independência da Argélia, opondo-se à tortura praticada pelo governo francês. Sua atuação nesse contexto reforçou sua imagem como uma defensora dos Direitos Humanos e a levou a abraçar outras causas importantes.
Em 1971, Gisèle Halimi fundou a organização feminista "Choisir la Cause des Femmes" (Escolher a Causa das Mulheres), que se tornou uma plataforma poderosa na luta pela legalização do aborto na França. Um de seus casos mais famosos foi o "Processo de Bobigny" em 1972, no qual defendeu uma jovem acusada de aborto ilegal.
O julgamento teve grande repercussão na mídia e foi um marco na mobilização pela descriminalização do aborto, que culminou com a aprovação da lei Veil em 1975.
Além de sua atuação jurídica, Halimi envolveu-se na política, ingressando no Partido Socialista e promovendo causas progressistas, como a descriminalização da homossexualidade e a igualdade de gênero.
Ao longo de sua vida, ela publicou livros e participou de campanhas globais pelos direitos das mulheres e pela justiça social. Gisèle Halimi faleceu em 2020, aos 93 anos.