Migalhas Quentes

Empresa é imune a PIS/Cofins por serviços a armadores estrangeiros

Decisão também concedeu restituição dos valores recolhidos indevidamente pela empresa de praticagem nos últimos cinco anos.

10/6/2024

Empresa que presta serviços de praticagem é imune a PIS/CONFINS sobre receitas de serviços prestados a armadores estrangeiros, mesmo que a relação seja intermediada por agentes nacionais. Decisão é da juíza Federal Dayse Starling Motta, da 1ª vara Federal Cível do Pará, segundo a qual, o uso de intermediários nacionais não afasta a regra de imunidade do tributo.  

No caso, a empresa presta serviços tanto para armadores nacionais quanto estrangeiros. Nestes, a intermediação é feita por agências marítimas que atuam como mandatárias.

Praticagem

Trata-se de atividade especializada de orientação e assistência à navegação, realizada por profissionais chamados práticos. Eles auxiliam os comandantes das embarcações em manobras de entrada e saída de portos, navegando em águas restritas e de difícil acesso, garantindo a segurança da navegação e a proteção ambiental.

Armadores

São empresas ou indivíduos proprietários de embarcações que operam no transporte marítimo. Eles são responsáveis pelo gerenciamento e operação dos navios, incluindo a contratação da tripulação, a manutenção das embarcações, a logística das rotas de navegação e a comercialização dos serviços de transporte marítimo de cargas ou passageiros.

Justiça Federal do Pará entendeu que não incidem PIS/COFINS sobre serviços de praticagem feitos por empresa brasileira a armadores estrangeiros. Na foto, é possível ver um barco de praticagem orientando rebocador.(Imagem: Silvio Cioffi/Folhapress)

Imunidade

Na ação, a empresa questiona a cobrança de PIS/Cofins pela União sobre as receitas provenientes do serviço, e pede a restituição dos valores indevidamente recolhidos nos últimos cinco anos. 

Segundo a empresa, os serviços de praticagem prestados a armadores estrangeiros configuram exportação de serviços, o que, conforme o art. 149, § 2º, I, da CF, e outras legislações pertinentes, não deveria ser tributado pelo PIS/Cofins. 

Ela apresentou documentos que demonstram a formalização dos contratos de prestação de serviço e as retenções feitas pelas agências marítimas.

A União contestou a ação alegando a inconstitucionalidade das leis que garantem a imunidade tributária, a regulamentação da atividade de praticagem e a legalidade da solução de consulta 351/12, que orienta as agências marítimas a reterem PIS/Cofins.

Manutenção da imunidade

Ao analisar o caso, a juíza Federal fundamentou sua decisão em precedentes STJ e do TRF da 1ª região. Eles reforçam que a utilização de agentes ou representantes do transportador estrangeiro como intermediários não afasta a regra de imunidade tributária, pois o destinatário final do serviço é a pessoa física ou jurídica residente no exterior.

Destacou que a entrada de divisas e a regulamentação constitucional e legal da imunidade tributária sobre exportações são claros indicadores de que os serviços de praticagem prestados a armadores estrangeiros não devem ser tributados pelo PIS/Cofins.

"A utilização de agente ou representante do transportador estrangeiro como intermediário para a realização do serviço de praticagem não tem o condão de afastar a regra de isenção, uma vez que o destinatário final do serviço é a pessoa física ou jurídica residente no exterior, não o intermediário."

Assim, declarou inexistente a relação jurídico-tributária entre a empresa e a União, impedindo a cobrança de PIS/Cofins sobre as receitas de serviços prestados a armadores estrangeiros.

Também declarou o direito da empresa à restituição dos valores indevidamente recolhidos nos cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação, corrigidos pela taxa SELIC.

O escritório SMGA - Souza Machado, Gonçalves e Arruda, Weyll e Midon atua pela empresa.

Veja a sentença.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Tributaristas lançam a obra “O Insumo no PIS/Cofins no Apoio Marítimo”

5/9/2022
Migalhas de Peso

Imunidade Tributária: O que é e quais espécies há?

17/12/2021
Migalhas de Peso

"Br do mar" e reforma tributária: uma solução e um problema para o setor de navegação?

27/10/2021

Notícias Mais Lidas

Delegado que dirigiu bêbado é condenado por agressão e perde cargo

21/7/2024

Empregado que foi para parque aquático durante atestado tem justa causa mantida

22/7/2024

TST afasta execução de bens de sócios para pagar dívida trabalhista

22/7/2024

STJ anula execução de instrumento de confissão de dívida firmado em contrato de factoring

22/7/2024

OAB contesta revisão de honorários em ações previdenciárias pelo MP

20/7/2024

Artigos Mais Lidos

CIPA - Dispensa imotivada recusa de retorno ao trabalho: Indenização

22/7/2024

Transtorno de ansiedade pode aposentar no INSS?

22/7/2024

Direito das sucessões e planejamento sucessório

20/7/2024

A herança digital na reforma do Código Civil

22/7/2024

Realidade ou fantasia? Planejamento sucessório e a atuação do Fisco paulista na "operação Loki"

21/7/2024