O Anuário Pontifício 2023 do Vaticano (CNBB, 2023) coloca o Brasil como o país com a maior população católica do mundo, mesmo com o crescimento de outras religiões.
Reflentindo esse cenário, o PerfilADV - 1º Estudo sobre o Perfil Demográfico da Advocacia Brasileira, conduzido pela OAB em colaboração com a FGV, revela que 43% dos advogados no Brasil se identificam como católicos, seguidos por 18% que se consideram evangélicos, 9% espíritas e as demais religiões somam 17%.
Entre a maioria dos profissionais católicos, destacam-se os advogados com 60 anos ou mais, aqueles que recebem mais de 20 salários-mínimos e os que residem na região Nordeste.
Os evangélicos formam a segunda religião com mais adeptos, sendo a maioria composta por indivíduos entre 21 e 23 anos, em contraste com apenas 12% daqueles que têm 60 anos ou mais.
Outro dado importante revela que os advogados espíritas estão predominantemente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, enquanto os espiritualistas se concentram no Nordeste, Centro-Oeste e Sul do país.
Ademais, a porcentagem de renda familiar também difere de acordo com a crença religiosa. Por exemplo, a maioria dos advogados de religiões afro-brasileiras ganha até dois salários-mínimos, enquanto a maioria dos ateus e agnósticos recebem mais de 20 salários-mínimos.
Estado laico
Em fevereiro de 2024, Quesia Barreto dos Santos, representando a UNI - União Nacional das Entidades Islâmicas, fez história como a primeira advogada muçulmana a realizar uma sustentação oral no plenário do STF usando hijab.
Ela defendeu a possibilidade de usar vestimentas religiosas em fotos para documentos de identificação civil.
Confira a sustentação:
O estudo
O PerfilADV - 1º Estudo sobre o Perfil Demográfico da Advocacia Brasileira fornece uma visão abrangente e inédita sobre a profissão de advogado no Brasil. O estudo foi desenhado para captar uma série de dados demográficos e profissionais dos advogados brasileiros, com o objetivo de informar gestores, educadores e empregadores sobre o estado atual e as perspectivas futuras da advocacia no país.
Com uma metodologia quantitativa baseada em questionários de autorresposta online, o estudo coletou dados de 20.885 profissionais, representativos dos mais de 1,37 milhão de advogados registrados na OAB
A pesquisa foi conduzida de 28 de agosto a 15 de outubro de 2023, e seus resultados foram apresentados durante a 24ª Conferência Nacional da Advocacia em Belo Horizonte.
As áreas temáticas abordadas pela pesquisa incluem características sociodemográficas, atuação profissional, saúde e qualidade de vida, uso de tecnologia, respeito às prerrogativas e aos honorários, além de opiniões sobre as condições gerais para a prática da advocacia no Brasil. A pesquisa também explorou como os advogados utilizam os serviços oferecidos pelo sistema da OAB.
O estudo foi uma iniciativa do Conselho Federal da OAB, sob a presidência de Beto Simonetti e coordenação do vice-presidente Rafael Horn, encomendado ao Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário da FGV Justiça que, por sua vez, convidou o professor Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe - Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas, para a coordenação técnica do projeto.