Danielle Barretto, ex-oficiala da Marinha que teve revertido direito à licença-maternidade pela gravidez de sua esposa, afirma se sentir consternada e muito triste pela execução dos R$ 100 mil do benefício pago pela União.
Em entrevista ao Migalhas, a militar esclareceu a situação pela qual passa desde que descobriu a dívida.
Pedido de licença
Danielle casou-se com outra mulher. Após realizar fertilização in vitro, sua esposa engravidou de gêmeos. Ao requerer licença-maternidade à corporação, Danielle foi informada de que poderiam ser concedidos, no máximo, cinco dias, a título de licença paternidade.
A ex-oficiala revela que ficou consternada, porque estar na Marinha era um sonho maravilhoso, até o momento em que se casou com Paula. Danielle ingressou com pedido judicial requerendo o direito à licença-maternidade, o qual foi concedido em 1º grau.
Surpreendida
Entretanto, em 2ª instância, a 8ª turma especializada do TRF da 2ª região entendeu de modo diverso. Segundo a decisão do colegiado, por falta de legislação específica, o direito não poderia ter sido concedido.
O acórdão gerou uma execução do valor de R$ 100 mil recebidos por Danielle a título de licença-maternidade.
A ex-oficiala relata que foi surpreendida pelo bloqueio judicial em sua conta, pois o advogado que até então atuava no caso abandonou a ação e não a notificou. Assim, afirma que não teve oportunidade de se defender.
Não foi renovada
A militar acredita que não tenha sido uma decisão preconceituosa por parte do Judiciário, mas no que tange à Marinha do Brasil, sim.
Ela revela indignação e tristeza, pois sempre teve muito apreço pela Marinha. Danielle também menciona que era uma oficiala de extremo gabarito na corporação, e que, sem saber o motivo, não foi renovada no último ano.
E se fosse um casal heterossexual?
Ela se diz triste e preocupada pelo momento vivenciado “simplesmente por querer exercer a maternidade”, e deixa uma reflexão:
“Se fosse um casal heterossexual, em que a esposa não pudesse gerar e tivesse que ter uma barriga solidária, será que seria concedida a ela uma licença-paternidade?”.