Migalhas Quentes

Por valor sentimental, homem que furtou papagaio é condenado à prisão

Ao analisar o caso, desembargador explicou que apesar de a ave furtada estar avaliada em R$ 800, ela tem valor intrínseco inestimável por tratar-se de animal de estimação.

2/3/2023

A 5ª câmara Criminal do TJ/SC confirmou a condenação de um homem que, com a ajuda de um menor de idade, furtou um papagaio do pátio de uma residência de São Cristóvão do Sul/SC, ao aproveitar-se do curto período em que a dona da ave deixou o portão aberto para levar o neto à casa do filho.

O homem foi condenado a dois anos e quatro meses de reclusão, em regime aberto. A pena foi substituída por duas restritivas de direitos, consistentes em prestações pecuniária e de serviços à comunidade, mais pagamento de 11 dias-multa.

Homem que furtou papagaio é condenado à prisão.(Imagem: Pixabay.)

Ao enfrentar a questão, assim fundamentou a juíza de Direito Ana Cristina de Oliveira Agustini, da vara Criminal de Curitibanos/SC:

“Sabe-se que para o reconhecimento do privilégio devem estar preenchidos concomitantemente dois requisitos estampados no artigo 155, §2º do Código Penal: a primariedade e o pequeno valor da coisa furtada. Na hipótese, embora o acusado seja primário, a res furtiva, trata-se de um papagaio. Com efeito, não obstante a vítima tenha mencionado no seu depoimento perante a autoridade policial que a ave detém o valor de R$ 100,00 (cem reais), observa-se que o animal em questão sequer foi objeto de avaliação no feito. Ademais, anote-se que a aferição da expressividade da lesão jurídica nos casos de animais de estimação não se limita à simples mensuração do prejuízo econômico suportado pela vítima, visto que ostenta valor imaterial.”

Deste modo, concluiu que a res furtiva (uma ave papagaio) possui valor inestimável sentimental, assim, não detém valor insignificante.

Irresignado com a decisão, o acusado interpôs recurso de apelação, por meio do qual buscava submeter-se apenas à pena de multa.

Para o desembargador Luiz Cesar Schweitzer, relator da matéria, não houve o preenchimento de condições essenciais para a benesse.

“Todavia, na situação vertente, agiu com acerto a douta sentenciante, pois, embora seja o recorrente primário e a res furtiva tenha sido avaliada em R$ 800,00 (evento 13.70) - importe inferior ao do salário mínimo vigente à época do crime - por tratar-se de animal de estimação da vítima e sua família, evidentemente possuía valor intrínseco verdadeiramente inestimável, tal como registrado no decisum.”

Além disso, afirmou, a despeito das ponderações constantes das razões recursais, apesar de não haver sido esclarecido há quanto tempo a ofendida possuía o papagaio ou ao menos o nome dado à ave, como bem ponderou a procuradora de Justiça oficiante, "não é razoável concluir que a vítima acionaria a polícia militar para relatar o furto se, de fato, não tivesse estima pelo animal".

Confira aqui a decisão.

Informações: TJ/SC.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Policial que caçava antílope para vender ou consumir carne é condenado

7/5/2022
Migalhas Quentes

Justiça impede mulher que doou cachorro de pegá-lo de volta

24/1/2020
Migalhas Quentes

Lei endurece pena para furto e receptação de animais de abate

3/8/2016

Notícias Mais Lidas

PF prende envolvidos em plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

19/11/2024

Moraes torna pública decisão contra militares que tramaram sua morte

19/11/2024

CNJ aprova teleperícia e laudo eletrônico para agilizar casos do INSS

20/11/2024

TRT-15 mantém condenação aos Correios por burnout de advogado

18/11/2024

Em Júri, promotora acusa advogados de seguirem "código da bandidagem"

19/11/2024

Artigos Mais Lidos

ITBI na integralização de bens imóveis e sua importância para o planejamento patrimonial

19/11/2024

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis

19/11/2024

Estabilidade dos servidores públicos: O que é e vai ou não acabar?

19/11/2024

Quais cuidados devo observar ao comprar um negócio?

19/11/2024

A relativização do princípio da legalidade tributária na temática da sub-rogação no Funrural – ADIn 4395

19/11/2024