Migalhas Quentes

Condomínio não pode impedir locação de imóvel por Airbnb

A proprietária de um apartamento buscou a Justiça após a assembleia do condomínio deliberar a proibição da locação do imóvel por meio do Airbnb.

13/5/2022

Condomínio não pode proibir a locação de imóvel por temporada por meio da plataforma Airbnb. A decisão é da 13ª câmara Cível do TJ/RJ ao confirmar sentença em favor de proprietária de um apartamento. De acordo com o colegiado, a assembleia de condomínio que deliberou a proibição não atingiu o quórum necessário e nem indicou condutas dos locatários que tenham causado transtornos aos condôminos. 

Uma proprietária de um imóvel buscou a Justiça para que pudesse locar sua propriedade por meio de plataformas como Airbnb. O motivo da ação é que seu condomínio, depois de assembleia, proibiu a prática de aluguel por temporada nas unidades.

Na Justiça, a proprietária afirmou que a decisão proibitiva do condomínio está cheia de vícios, pois a convenção do condomínio não impede a locação por temporada, tampouco por meio de plataformas digitais, restringindo tão somente a locação comercial.

O juízo de 1º grau atendeu a proprietária e autorizou que ela locasse seu imóvel pelo app Airbnb. De acordo com a magistrada singular, “ao impedir o uso da locação por temporada, via plataforma Airbnb, a assembleia limitou excessivamente o exercício do direito de propriedade pela autora, que o exerce de forma lícita”. Dessa decisão, o condomínio interpôs recurso.

Condomínio não pode impedir locação de imóvel por Airbnb.(Imagem: Freepik)

A inconformidade do condomínio, todavia, não prosperou no TJ/RJ. Isso porque o desembargador Juarez Fernandes Folhes, relator, considerou que, dentre os direitos do proprietário, está o de usufruir do bem, inclusive locando a terceiros por temporada, “não podendo tal direito ser limitado pela convenção nem pelo regimento interno do condomínio, sob pena de indevida interferência e restrição no direito exclusivo de propriedade do condômino sobre a sua unidade residencial”, frisou.

Para o magistrado, esse tipo de locação (feito pela plataforma Aribnb) tem natureza de locação por temporada e não de hotelaria/hospedagem, que oferece serviços como recepção, limpeza, arrumação etc.

“Existem fortes distinções entre um serviço de hospedagem/hotelaria e uma locação por temporada em prédio residencial, como por exemplo: o porteiro não tem a função de recepcionista, um hotel possui toda a infraestrutura para controlar as hospedagens pelo registro e preenchimento da ficha dos hóspedes, conferência dos documentos, controle de acesso às áreas comuns, registro de imagem, quadro de funcionários apropriados, controle de chaves etc.”

Quórum

Além disso, o desembargador observou que, na assembleia de condomínio, não ocorreu a observância do quórum legal necessário, já que apenas 10 dos 24 condôminos compareceram, "o que eiva de nulidade a deliberação, merecendo ser ressaltado o fato de não ter havido indicação na ata da assembleia de qualquer conduta concreta dos locatários da autora que tenham causado transtorno aos condôminos, de forma a ensejar a aplicação de sanções por descumprimento a normas condominiais".

Ao acompanhar o entendimento do relator, a 13ª câmara Cível do TJ/RJ negou provimento ao recurso do condomínio.

Os advogados Eduardo Janeiro Antunes e Alex Korosue atuaram pela proprietária.

Leia a decisão.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

3ª turma do STJ: Condomínios podem proibir locações como Airbnb

23/11/2021
Migalhas Quentes

STJ: Condomínio pode proibir aluguel por meio de plataformas digitais

20/4/2021

Notícias Mais Lidas

STF valida emenda que autoriza contratação celetista de servidores

6/11/2024

STF: Lei que regulamenta perícia oficial no Brasil é constitucional

7/11/2024

STF derruba lei que proibia vacinação compulsória

6/11/2024

Pet shop é condenado por falha em serviço que causou hipertermia em cão

7/11/2024

STJ permite registro de casamento religioso de 1894 para obtenção de cidadania italiana

7/11/2024

Artigos Mais Lidos

Planejamento sucessório – Provável alteração das alíquotas do ITCMD a partir de 2025

6/11/2024

10 coisas que todo servidor público precisa saber sobre o PAD

7/11/2024

Investigação patrimonial e tecnologia: Uma nova perspectiva na recuperação de crédito

6/11/2024

Registro de slogan como marca: Uma nova perspectiva do INPI

6/11/2024

Nova legitimidade para propor ações de desapropriação a ser explorada pelo mercado

6/11/2024