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Racismo: Gerente de hotel é condenado por impedir hóspedes indígenas

Gerente de hotel que impediu 13 indígenas de hospedarem foi condenado

4/4/2022

Conduta praticada contra 13 professores indígenas, impedidos de se hospedarem em hotel no município de Comodoro/MT ao argumento de que não seria bom para a imagem do hotel é punível como crime resultante de discriminação ou preconceito de etnia, nos termos dos art. 1º e 7º da lei 7.716/89, decidiu a 3ª turma do TRF da 1ª região, por unanimidade, reformando a sentença apenas para reduzir a pena aplicada.

Impedir hospedagem de indígenas ao argumento de que prejudicaria a imagem de hotel configura crime de racismo.(Imagem: Pixabay)

Em seu voto, a relatora, desembargadora federal Mônica Sifuentes, explicou que o Brasil é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, internalizada no ordenamento jurídico brasileiro pelo decreto 65.810/69.    

A Constituição Federal de 1988 em seus artigos 3º e 4º repudiou preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação como o terrorismo e o racismo, ressaltando a prevalência dos direitos humanos, de forma a garantir o direito à igualdade e, apenas três meses depois, foi promulgada a lei 7.716/89, que “formalmente erigiu à categoria de crime os atos resultantes de preconceitos de raça ou de cor”, continuou a magistrada.    

Como esclareceu o juízo sentenciante, no entender da desembargadora federal, os 13 professores foram impedidos de se hospedarem no hotel pelo simples fato de serem indígenas, em conduta dirigida em desfavor da coletividade de pessoas indígenas, e não a uma vítima específica, atraindo a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109 da CF/1988.    

Depoimentos das testemunhas não deixaram dúvida quanto à autoria do fato criminoso, restando evidente para a relatora que o autor praticou crime de racismo ao negar a hospedagem “porque não ficaria bem para seu hotel”, mesmo tendo havido prévia reserva de quartos, ao contrário do que afirmara o autor em sua defesa.   

Concluindo o voto, a desembargadora federal Mônica Sifuentes entendeu que a sentença merece reforma ao fundamento de que não se mostra plausível majorar-se a pena na fração máxima por não estarem presentes circunstâncias judiciais desfavoráveis (por exemplo, maus antecedentes, conduta social, personalidade, dentre outros), decidindo no sentido de dar parcial provimento à apelação apenas para redução da pena.   

Assim, o colegiado decidiu por reduzir a pena aplicada de quatro anos e seis meses de reclusão para três anos e seis meses de reclusão, a ser cumprida em regime inicial aberto, e a sua substituição por duas penas restritivas de direitos a serem determinadas pelo Juízo da execução. A decisão foi unânime.    

Informações: TRF-1

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