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Chapecoense diz que acidente aéreo “valorizou” imagem de sobrevivente

O lateral-direito Alan Ruschel foi um dos poucos sobreviventes do trágico acidente aéreo que matou 71 pessoas. Para o clube, o jogador passou a ter "notoriedade mundial”.

1/3/2022

Em contestação no processo que corre na 3ª vara do Trabalho de Chapecó/SC, a Chapecoense afirmou que o lateral-direito Alan Ruschel ganhou “notoriedade” e “alavancou seus ganhos” após o trágico acidente aéreo do clube que matou 71 pessoas. Ruschel foi um dos poucos sobreviventes.

No documento em que pede a improcedência dos danos morais, a Associação Chapecoense de Futebol afirma que Alan Ruschel não foi “vítima de um acidente, pelo contrário, foi um sobrevivente” e diz que “sua imagem valorizou e passou a ter notoriedade mundial”.

“Ainda, a fim de se evitar preclusão, cumpre-se gizar que o reclamante não foi vítima de um acidente, pelo contrário, foi um sobrevivente, abençoado pela força divina e dentre aqueles ligados diretamente ao futebol o ÚNICO que continua a desenvolver suas atividades identicamente ao período anterior ao mesmo.

Efetivamente o acidente deu notoriedade ao reclamante e alavancou seus ganhos, bastando-se verificar o histórico em sua carteira de trabalho, sua imagem valorizou-se e passou a ter notoriedade mundial.”

Leia a íntegra da contestação.

Local da queda do avião da LaMia, com o time da Chapecoense.(Imagem: Adriano Vizoni | Folhapress)

Após ter ciência da contestação, Alan Ruschel gravou um vídeo para o Instagram comentando a postura do clube.

"Eu sou meio ausente das redes sociais, mas tive que vir aqui me manifestar sobre um assunto, que é o acidente sofrido com a Chapecoense em 2016. Algo que me gerou muita revolta na última semana e me entristeceu demais.

Eu tive uma história bonita de vida e conquistas, que jamais serão apagada, mas, infelizmente, o clube não cumpriu com seus acordos e eu tive que cobrar de uma maneira indesejada, que é na Justiça. Mas não estou cobrando nada mais, nada menos do que é meu direito como trabalhador e ser humano.

Nessa semana, eu tive acesso à defesa do clube, o que me gerou revolta e me entristeceu demais o que eles estão alegando. Alegaram que eu não sou vítima do acidente, que sou um sobrevivente e que o acidente fez bem para mim, que me trouxe benefícios. Estão sendo levianos e despreparados na condução de um assunto tão importante e delicado quanto esse.”

O acidente

O voo 2933 da LaMia foi operado a serviço da Associação Chapecoense de Futebol, proveniente de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, com destino ao Aeroporto Internacional José María Córdova, em Rionegro, Colômbia. Na noite de 28 de novembro de 2016, a aeronave que realizava o voo caiu perto do local chamado Cerro El Gordo, quando fazia o procedimento de aproximação.

O avião trazia 77 pessoas a bordo, tendo por passageiros atletas, equipe técnica e diretoria do time brasileiro, jornalistas e convidados, que iriam a Medellín, onde o clube disputaria a primeira partida da Final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional. Entre passageiros e tripulantes, 71 pessoas morreram na queda do avião e seis foram resgatadas com vida.

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