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Para além da sentença: Juiz doa medula óssea e salva criança

O juiz eleitoral Marcelo Bertasso, de Umuarama/PR, se cadastrou como doador em 2011, quando viu um amigo de infância ser diagnosticado com leucemia. Tempos depois, sua atitude foi capaz de salvar a vida do menino Weliton.

27/9/2021

Diariamente, os destinos de muitas crianças passam pelas mãos de juízes por todo o Brasil. Os magistrados definem questões atinentes a guarda parental, pensão alimentícia, adoção, regime de visitação, inventário etc.

Foi no Paraná, no entanto, que um juiz foi além dos autos dos processos e interferiu de vez na vida do menino Weliton – ele fez a doação de medula óssea e, com isso, ajudou a salvar a criança que tinha a síndrome de Wiskott-Aldrich, doença decorrente de imunodeficiência de tipo hereditária.

Ao migalhas, o doador - juiz eleitoral Marcelo Pimentel Bertasso - conta que a atitude foi feita por humanidade. Ele se cadastrou em 2011, quando um amigo de infância foi diagnosticado com leucemia e precisava de doadores. Passados alguns anos, em 2016, o magistrado recebeu uma ligação do Redome - Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea informando-o sobre a compatibilidade com um receptor.

(Imagem: Arte Migalhas)

Marcelo, então, foi por três vezes a Belo Horizonte, local onde seria feita o procedimento. As idas à capital mineira serviram para exames, consulta pré-operatória e para a doação em si. É importante frisar que o Redome custeia todos os gastos durante o processo de doação.

Até o momento da doação, Marcelo não sabia quem seria o receptor. Somente após dois anos do procedimento, é possível saber quem recebeu a doação. De acordo com o magistrado, hoje em dia, ele mantém contato com a mãe de Weliton. O menino está curado.

Pensar no próximo

Marcelo relatou que se deu conta da importância da doação de medula quando viu a família de seu amigo de infância sofrer com a espera de um doador. “Como a chance de compatibilidade é pequena, quanto maior a base de cadastrados, maior a chance de um doente ser beneficiado”, explicou.

O juiz afirmou que o tema envolve “humanidade, cidadania e pensar no próximo” e todas as instituições, tanto Públicas quanto privadas, devem estimular os servidores e membros para que possam fazer parte de cadastros de doações (de sangue, medula, órgãos etc).

Como é o procedimento?

Muitas pessoas têm medo ou preconceito de doar medula óssea. O juiz Marcelo, todavia, assegura: “é muito simples e seguro”, já que não há anestesia geral ou qualquer tipo de intubação. De acordo com o juiz, o procedimento levou cerca de uma hora. O magistrado alertou para o fato de que o registro de doadores no Redome teve uma queda no número de cadastros de voluntários, algo que não ocorria desde 2017.

Para se cadastrar, basta ter entre 18 e 35 anos de idade; estar em bom estado geral de saúde; não ter doença infecciosa ou incapacitante; não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico. Algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso.

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