Mestiço, gago, epilético e autodidata. Assim é o Machado de Assis que todos conhecemos.
Mas como alguém com essas características, em pleno século XIX, transforma-se no maior escritor da literatura brasileira?
Como ele, saído de uma pobreza - pobreza que o impediu de frequentar até as escolas primárias -, conseguiu saber tanto, chegando ao fim da vida dominando outros idiomas, e possuindo um amplo leque de conhecimentos, até mesmo na área do Direito?
Embora não tenha deixado um livro de memórias que esclarecesse estas dúvidas, Machado polvilhou seus textos com senhas, e são elas que nos permitem desvendar seus enigmas.
Essa é a proposta do Código de Machado de Assis: investigar os mistérios machadianos.
Nesse percurso, surpresas esperam pelo leitor.
O livroO autor, Miguel Matos, debruça-se sobre a obra machadiana, percorrendo cada texto, garimpando valiosas notas jurídicas.
Ele encontra nesse universo mais de 200 personagens da área do Direito que ganharam vida pela pena de Machado de Assis (para quem não se lembra, o protagonista de Dom Casmurro, por exemplo, Bentinho, era um excelente advogado).
E apesar de não ter sido um bacharel, o que se constata é que o escritor era praticamente um jurista.
Em Código de Machado de Assis, encontramos opiniões machadianas sobre atuais temas do Direito Eleitoral, como o voto feminino, eleições diretas, fim do voto censitário, e ainda sobre questões atualíssimas como a situação nas cadeias e a violência policial. Há comentários sobre Direito Penal, Constitucional, Societário, etc. Há até corrupção na obra machadiana, tanto no Estado como no Judiciário.
O livro, além de ser uma aventura literária ao flanar com Machado pelo Rio de Janeiro do Segundo Reinado, traz uma experiência: uma série de valiosas imagens de jornais antigos, espalhados pelas páginas QR codes, que permitem visualização mais detalhada. Uma verdadeira viagem no tempo.
E, finalmente, a cereja do bolo: Miguel Matos presenteia o leitor com a definitiva solução para o famoso mistério envolvendo a traição (ou não) de Capitu.
Apresentação
A apresentação do livro é assinada pelo presidente José Sarney, imortal da Academia Brasileira de Letras.
Sarney destaca que Machado foi um fenômeno sem equiparação na história da literatura, e que o autor do Código conseguiu, com maestria, garimpar, examinar, provar e mostrar uma faceta do Machado de Assis conhecedor do Direito, da advocacia, do processo jurídico, do criminoso e do crime.
"O livro é um volume eloquente, com o amplo estudo de passagens e exemplos. É uma leitura que nos faz reler Machado, o que é sempre excelente; mas é também a leitura de um escritor que soube ler e aproveitar as lições do grande escritor."
Prefácio
Como se não bastasse, Código de Machado de Assis é iluminado também com o brilho do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, atual presidente do TSE, que assina o prefácio. O ministro destaca que, em meio às notícias do dia a dia [acrescentamos: cada vez mais preocupantes], "Miguel Matos nos pede uma pausa na pressa, no pragmatismo e nas aflições para um momento lúdico: um pouco de literatura. Da melhor que já se produziu no Brasil. Com padrão mundial."
"O livro revela um Machado de Assis progressista, à frente do seu tempo, como documentam passagens pinçadas e transcritas por Miguel."
Saiba mais
A obra tem um site específico, com mais informações: codigodemachadodeassis.com.br