Migalhas Quentes

Resultado do sorteio especial – Semana do Advogado

Goffredo mais do que professor de Introdução foi mestre da Iniciação ao Direito. A sua mensagem, como diz em A Folha Dobrada, foi o Direito como "guia para a liberdade e a Justiça".

13/8/2021

Para comemorar a Semana do Advogado, Migalhas sorteia o clássico, em edição comemorativa, "A Folha Dobrada - Lembranças de um Estudante", do mestre Goffredo Telles Junior. A obra compila os principais acontecimentos políticos do país no século XX, contextualizando-os por meio do olhar límpido e da escrita vivaz do grande professor.

(Imagem: Arte Migalhas)

Neste livro, Goffredo conta sua trajetória de lutador incansável pela liberdade e pela democracia, bem como sua paixão pela docência e pela profissão de advogado. Graças a um arquivo pessoal completo e organizado, relembra e compartilha sua vivência dos fatos mais importantes da vida política nacional e da história da Faculdade de Direito da USP durante o século XX.

De grande interesse é a recordação de seus anos de juventude, em que conviveu com os intelectuais e artistas que freqüentavam a casa de sua avó, Olivia Guedes Penteado; sua passagem pela Câmara dos Deputados como deputado constituinte em 1946; sua experiência de advogado criminalista e membro do Conselho Penitenciário por quase trinta anos.

Sobre sua vocação de professor, diz ele:

"Ao reassumir meu ofício de professor, em março de 1951, tornei a sentir – como haveria de sentir todos os dias, até minhas últimas horas de aula, em maio de 85 – que eu pertencia a meus alunos. Rousseau disse, como todos sabem, que o povo é soberano. Pois bem, na minha Sala João Mendes Júnior, soberano era a classe, o conjunto dos estudantes. Eu ali estava para servi-los.

Jamais tranquei a porta de minha sala. Jamais impedi que um aluno entrasse ou saísse, durante minha exposição. A meus olhos, cada aluno era uma pessoa responsável, afetada, como eu, pelas contingências da vida. A todos, sempre respeitei profundamente. Jamais usei, como recurso docente, a zombaria, a troça, a galhofa. Não era de minha natureza ridicularizar estudantes. Em verdade, eu sempre os amei, aqueles acadêmicos das Arcadas, aos quais eu estendia a mão, como faz o companheiro experimentado, que já palmilhou o caminho.

Nunca revelei a ninguém que uma incontrolável emoção, um leve tremor me tolhia, antes do começo de cada aula. Meus alunos sempre viram que meu olhar percorria toda a sala, e que eu juntava as mãos, como numa prece.

O que ninguém soube é que, antes de proferir a primeira palavra, eu dizia, com fervor, no segredo de mim mesmo, uma pequena oração: 'Meu Deus, faça desta aula uma obra de beleza'.

Só depois disto é que eu iniciava a maravilhosa aventura de mais uma preleção para uma classe soberana".

Sobre o autor:

(Imagem: Divulgação)
Nascido em 16 de Maio de 1915, no centro da Cidade de São Paulo. Nome de batismo: Goffredo Carlos da Silva Telles. Nome adotado : Goffredo da Silva Telles Junior (para evitar confusão com o nome do pai). Nome de escritor: Goffredo Telles Junior. Filho de Goffredo Teixeira da Silva Telles, poeta (da Academia Paulista de Letras), advogado, agricultor ; e de Carolina Penteado da Silva Telles (filha de Ignácio Penteado e de Olivia Guedes Penteado). Ambos proprietários da tradicional Fazenda Santo Antonio, no Município de Araras, Estado de São Paulo. Curso Primário no Lyceu Franco-Brasileiro. Curso Secundário no Ginásio de São Bento. Curso Superior na Faculdade de Direito da USP, Turma de 1937. Soldado na Revolução Constitucionalista de São Paulo (1932). Inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil como Solicitador-Acadêmico em 1935 ; como Advogado desde 1937. Foi advogado militante a vida inteira. Professor de Direito da Faculdade (USP), desde 1940: a princípio, como Livre Docente, depois como Professor Catedrático, isto é, como professor titular. Tomou posse de sua Cadeira (Introdução à Ciência do Direito) no ano de 1954. Lecionou durante quase 45 anos. Em 1985, por força de lei, foi aposentado compulsoriamente, ao atingir 70 anos de idade (idade limite). Continuou, porém, em seu próprio escritório, a dissertar sobre a Disciplina da Convivência Humana, a grupos numerosos de estudantes em cordial visita. Pouco antes de sua aposentadoria, e pelo voto unânime do Conselho Universitário, foi honrado com o título de professor emérito da USP. O Professor Goffredo foi vice-diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, de 1966 a 1969,  tendo exercido a Diretoria em diversos períodos.

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Ganhador:

Luciano de Sousa Silva, de Mato Grosso/PB

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