Na tarde desta sexta-feira, 9, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, rebateu as declarações de Jair Bolsonaro sobre uma possível fraude nas eleições. S. Exa. considerou a fala do presidente como “lamentável” e “leviana”.
Em nota à imprensa, Barroso ressaltou que desde a implantação das urnas eletrônicas, em 1996, jamais se documentou qualquer episódio de fraude.
“A presidência do TSE é exercida por Ministros do Supremo Tribunal Federal. De 2014 para cá, o cargo foi ocupado pelos Ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso. Todos participaram da organização de eleições. A acusação leviana de fraude no processo eleitoral é ofensiva a todos.”
O ministro salientou, ainda, que o corregedor-Geral Eleitoral já oficiou Bolsonaro para que apresente as supostas provas de fraude que teriam ocorrido nas eleições de 2018 e não teve resposta.
“A realização de eleições, na data prevista na Constituição, é pressuposto do regime democrático. Qualquer atuação no sentido de impedir a sua ocorrência viola princípios constitucionais e configura crime de responsabilidade.”
- Leia a nota na íntegra.
Ataque
Hoje pela manhã, ao conversar com seus apoiadores no “cercadinho”, Jair Bolsonaro voltou a bater na tecla de fraude nas eleições. Ato contínuo, o presidente atacou novamente o ministro Barroso, o chamando de "idiota" e "imbecil" e dizendo que o ministro deveria "estar em casa".
"Se nós queremos uma maneira a mais para mostrar transparência, por que o Barroso é contra? Ministro do Supremo Tribunal Federal, uma vergonha um cara desses estar lá. Não é porque ele defende aborto não, não é porque ele quer defender redução da maioridade por estupro de vulnerável. Com 12 anos de idade, tenho uma de 10 em casa, isso não é estupro, pode ser consentindo, segundo a cabeça dele. Um cara que quer liberar as drogas, um cara que defendeu um terrorista assassino italiano, Cesare Battisti, esse é o perfil de Barroso que está à frente das eleições."
Ao continuar atacando Barroso, Bolsonaro disse que "um cara desses tinha que estar em casa".
"Se bobear, num outro lugar. Nós não podemos deixar acontecer as coisas para depois tomar providências. Recado para os brasileiros: lutem pela sua liberdade. Não queiram, que um homem sozinho resolva os seus problemas. O que eu estou querendo é transparência."
Bolsonaro deslegitimou a justificativa de que o voto impresso fere o sigilo: "É uma resposta de imbecil".
"Eu lamento falar isso de uma autoridade do STF. Só um idiota para fazer isso aí. O que está em jogo, pessoal, é o nosso futuro e a nossa vida. Não pode um homem querer decidir o futuro do nosso Brasil na fraude."
"Não acredita em Deus"
Na quarta-feira, 6, ao confirmar sua intenção de indicar André Mendonça para o cargo de ministro do STF, Bolsonaro já tinha atacado o ministro Barroso.
Ao justificar "uma pitada de religiosidade" no Supremo, Bolsonaro disse que Barroso "não acredita em Deus, acredita que ele é o próprio Deus".
"Quando você olha para Barroso dado ao que ele defende, coisa que não encontra amparo no nosso livro preto, que é a nossa Bíblia, esse cara não acredita em Deus, não quero fazer prejulgamento dele, mas ele não acredita em nada, ele acredita que é o próprio Deus. Defende legalização das drogas, aborto. Barroso é péssimo ministro."
"Comunista, socialista, ditador"
Em junho, Migalhas já alertava de que Bolsonaro parecia estar com uma certa fixação pelo ministro Luís Roberto Barroso. Em uma live, o presidente repetiu uma série de vezes o nome do ministro e, ao defender o voto impresso, criticou o presidente do TSE, insinuando questões políticas.
Por fim, falou em reeleição: disse que, se ficar no cargo, consegue indicar quatro ministros para o STF e poderia "mudar o perfil" da Corte.