A madrugada fria deste início de julho de 2021 trouxe a triste notícia do falecimento do jurista Jorge Amaury Maia Nunes.
Advogado de nomeada, o paraense Jorge Amaury, como era conhecido, tinha sólida formação. Era egresso na Universidade Federal do Pará, academia onde obteve o título de mestrado. A seguir, doutorou-se pela USP.
Ex-consultor jurídico do Banco Central, era titular do escritório Amaury Nunes & Advogados Associados.
Colaborador migalheiro, Jorge Amaury emprestava suas luzes para nosso despretensioso site jurídico ao assinar a coluna Processo e Procedimento, com o advogado Guilherme Pupe da Nóbrega.
Da profícua produção, nasceu em 2019 a obra "Processo e Procedimento - Migalhas de Direito Processual", publicado pela editora Migalhas, cujos trabalhos demonstram sua qualidade técnica
Erudito, Jorge Amaury publicou recentemente em sua página no Facebook um post, quando se deu o falecimento do imortal Alfredo Bosi, contando sua admiração pela obra do literato.
Apesar da alva cabeleira, a não esconder os anos, era o que se pode chamar de um atleta amador. Cuidava-se e estava vacinado com as duas doses da vacina contra a covid.
No entanto, como a doença é traiçoeira, ou, como ele mesmo registrou numa rede social em 8 de abril "o vírus maldito é um assassino dissimulado", acabou pegando coronavírus no início de maio.
De lá para cá, lutou herculeamente até a madrugada desta sexta-feira num hospital na Capital Federal.
É, portanto, mais uma vítima desse mal que tem ceifado a vida de tantos brasileiros, enlutando famílias e pessoas, como nós hoje, enlutados e tristes com a morte do professor Jorge Amaury, que nos honrou com sua amizade e apoio.
Descanse em paz, querido migalheiro.
Homenagens
"O Brasil perde um jurista de primeira linha, um humanista de rara sensibilidade e um advogado de incomum retidão. Generoso, o professor Jorge Amaury Maia Nunes formou gerações de estudiosos, a quem repassou lições que continuam a ecoar nos mais diversos espaços da sociedade." - Ministro Luiz Fux, presidente do STF.
"Meus cumprimentos pela nota que vocês publicaram fazendo justiça às qualidades de Jorge Amaury Maia Nunes que nos deixou, vitimado pela Covid. Jorge Amaury foi um advogado e jurista de mérito como posso dar meu testemunho, pois foi um exemplar consultor jurídico do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio no período em que fui titular da pasta. Tive o prazer intelectual de ser seu orientador no doutoramento que realizou na Faculdade de Direito da USP e, no tempo mais desafogado da vida acadêmica, a oportunidade de muito dialogar com ele sobre os temas da Teoria Geral do Direito e do inter-relacionamento entre teoria e prática que vivifica o campo da Filosofia do Direito. A sua tese levou ao seu livro 'Segurança Jurídica e Súmula Vinculante', publicado em 2010, que tive a satisfação de prefaciar. É um livro de mérito substantivo, revelador dos conhecimentos de Jorge Amaury da História do Direito, do Direito Comparado que ele mobilizou para discutir, no âmbito do Direito Brasileiro, o alcance jurídico da súmula vinculante e o seu vínculo com o tema, tão atual, da segurança jurídica." - Celso Lafer, professor das Arcadas do Largo S. Francisco, imortal da Academia Brasileira de Letras, ex-chanceler.