O procurador-Geral da República, Augusto Aras, acionou o STF contra atos normativos que instituem e regulamentam Programas de Residência Jurídica (PRJ) no âmbito de defensorias públicas e procuradorias estaduais no Rio de Janeiro e em Pernambuco.
Os programas consistem em proporcionar a bacharéis em Direito o conhecimento teórico e prático para atuarem na advocacia ou na defensoria públicas. Eles participam de aulas e palestras, para, posteriormente, desempenharem atividades de apoio, com carga horária definida e bolsa-auxílio mensal.
Uma das ações contesta a resolução 4.415/19, da Procuradoria-Geral do Estado do RJ. Em relação a Pernambuco, questiona-se a portaria 113/20, instituidora do programa na Defensoria Pública estadual. Uma terceira ação trata do programa instituído e regulamentado na Defensoria do RJ pelas resoluções 808/16 e 893/17.
Para o PGR, os programas, ao oferecerem atividade acadêmica a pessoas estranhas aos quadros da administração pública estadual, acabam por permitir que elas desempenhem funções típicas de servidores ocupantes de cargo efetivo ou em comissão.
Com isso, segundo Aras, os programas estabelecem hipótese de contratação transitória de pessoal incompatível com as formas previstas no artigo 37, inciso IX, da CF – por concurso público, no caso de cargo efetivo, ou mediante processo seletivo simplificado de contratação por tempo determinado.
O programa de residência jurídica da PGE-RJ, segundo Aras, fere ainda o comando constitucional do artigo 39, parágrafo 2º, ao utilizar escola de governo da administração pública estadual como meio voltado à formação e ao desenvolvimento acadêmico de pessoas não investidas em cargo público efetivo e sem vínculo com a administração. A despeito de estar credenciado e autorizado perante o sistema estadual de ensino, o curso de especialização superior é direcionado a bacharéis em Direito sem vínculo com o órgão.
Outra inconstitucionalidade assinalada por Aras é a de afronta à competência privativa da União para legislar sobre bases da educação nacional e normas gerais de ensino e educação. De acordo com o PGR, embora seja legítimo que órgãos públicos implementem programas de capacitação profissional para estudantes de pós-graduação da área jurídica, essas iniciativas devem se pautar na estrita observância dos delineamentos traçados pela União.
O relator da ADI 6.520 é o ministro Luís Roberto Barroso. A ADI 6.521 foi distribuída ao ministro Lewandowski, e a ADIn 6.523 está sob a relatoria do ministro Edson Fachin, que adotou o rito abreviado.