A ABGLT - Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos ajuizou reclamação no STF contra recomendações do Ministério das Relações Exteriores para que diplomatas brasileiros não utilizem o termo “gênero” em negociações.
LGBTI
Na RCL 37.231, a Associação explica que, entre abril e julho de 2019, o Ministério das Relações Exteriores instruiu delegações diplomáticas de Genebra e Washington para que, durante negociações em foros multilaterais, os diplomatas esclarecessem que, no entendimento do governo brasileiro, a palavra “gênero” faz menção ao sexo biológico – feminino e masculino.
A ABGLT argumenta que essa determinação feita pelo Itamaraty viola a dignidade humana da comunidade LGBTI e contraria o entendimento firmado pela Corte Suprema ao julgar a ADIn 4.275, em que ficou reconhecida aos transgêneros a possibilidade de alteração de nome e gênero no registro civil mesmo sem a realização de procedimento cirúrgico.
Para a associação, o julgamento deixou claro que o termo é reconhecido como uma “manifestação individual e pessoal, não sendo algo que possa ser constituído pelo Estado, a quem cabe, apenas, seu reconhecimento”.
Desta forma, a ABGLT pede para que o Supremo suspenda as determinações do Ministério das Relações Exteriores em reuniões diplomáticas e votações que envolvam o tema. No mérito, solicita que o Itamaraty expeça novas recomendações aos representantes diplomáticos no sentido de que o termo “gênero” abarca identidade e expressão além de sexo biológico.
O ministro Gilmar Mendes é o relator da reclamação.
- Processo: RCL 37.231
Informações: STF.