De novo ?!
Saddam é expulso da sala pela 2ª vez em julgamento
O juiz Muhammad Oreibi al-Khalifa ordenou que o ex-líder iraquiano deixasse o recinto depois que Saddam Hussein apresentou objeções ao fato de os réus não poderem se referir uns aos outros por seus antigos títulos.
Saddam disse ainda ao tribunal que não queria mais estar presente.
O ex-líder do Iraque havia sido expulso da audiência de quarta-feira passada, levando seus advogados a boicotarem os trabalhos.
O chefe da defesa, Khalil al-Dulaimi, e sua equipe decidiram ficar ausentes dos trabalhos em protesto contra o que dizem ser "erros" praticados pelo juiz e contra interferência do governo.
Al-Khalifa foi indicado para a função depois que as autoridades iraquianas demitiram o seu antecessor, acusando-o de ser favorável a Saddam Hussein.
O correspondente da BBC em Bagdá, Jim Muir, disse que o julgamento foi retomado em clima de calma depois de momentos de agitação na semana passada.
O juiz indicou advogados de defesa para a sessão de hoje.
Curdos
Na audiência de hoje, testemunhas curdas retomaram seus depoimentos sobre as operações militares do Iraque contra a sua comunidade no final da década de 80.
Um homem idoso falou sobre acontecimentos em seu vilarejo em 1988, quando o governo do Iraque estava realizando uma campanha contra os curdos em que milhares morreram.
Mohammed Rasul Mustafa, de 65 anos, disse que testemunhou o bombardeio de um vilarejo próximo e sentiu um cheiro estranho, semelhante ao de maçãs, que aparentemente deixou-o com dificuldade para respirar.
Quando as testemunhas eram interrogadas, o réu Sabir al-Douri - ex-chefe da inteligência militar de Saddam - referiu-se a outro acusado por seu posto, o que irritou o juiz.
Neste momento, Saddam Hussein abanou um pedaço de papel amarelo e disse: "Eu tenho um pedido aqui: Eu não quero ficar mais neste cercado."
"Eu sou o juiz que preside (o julgamento). Eu decido sobre a sua presença aqui. Levem-no!", afirmou o juiz al-Khalifa, dizendo que o réu tinha que manifestar "respeito ao tribunal e ao caso".
Os advogados de defesa ausentes da sala do julgamento indicaram que podem voltar a comparecer às audiências se algumas de suas exigências forem atendidas, afirmou o correspondente da BBC.
Entre essas exigências está o direito de advogados estrangeiros fazerem declarações durante o julgamento. Atualmente eles precisam obter permissão especial para entrar na sala.
Alguns dos integrantes da defesa disseram que poderiam manter o boicote indefinidamente.
Saddam Hussein está sendo julgado por acusações de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, ligados à campanha militar na região curda do norte do Iraque no final da década de 80.
Se considerado culpado, Saddam Hussein pode ser condenado à morte.
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