Nesta terça-feira, 25, o fundador e colunista do site The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, participou de uma audiência na comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados para falar sobre o vazamento de mensagens envolvendo o ex-juiz Federal Sergio Moro e a força-tarefa da operação Lava Jato. Desde o dia 9 de junho, o site publicou uma série de reportagens trocadas pelo atual ministro da Justiça e Segurança Pública com integrantes da força-tarefa da operação por meio do aplicativo Telegram à época em que Moro era juiz Federal titular da 13ª vara de Curitiba.
Durante a sessão desta terça, que durou seis horas e meia, a deputada Federal Carla Zambelli, falando em nome da liderança do governo na Casa, afirmou que os documentos vazados pelo Intercept são frutos de um crime de hackeamento, e que as conversas não são autênticas.
"Querem criar um caso em torno de algo que não existe. Querem dizer que o Sergio Moro cometeu um crime, porque eu recebi de uma fonte anônima. Quer dizer, tudo pode, só não pode pegar o fato real, os áudios e periciar as provas”, criticou a parlamentar.
Greenwald, por sua vez, defendeu a liberdade de imprensa e da transparência e reafirmou a autenticidade das conversas vazadas pelo Intercept. Segundo o jornalista, o site está enfrentando as pessoas mais poderosas do país, o que resultou em ameaças contra a sua vida e a de sua família. Greenwald disse que continuará o trabalho de divulgação do "lado obscuro da Lava Jato".
"A Constituição protege e garante a liberdade de imprensa contra os ataques que Sergio Moro e o partido do governo estão tentando fazer. Ninguém tem medo do seu partido. Nossa redação, os jornalistas brasileiros que estão agora trabalhando com essa reportagem para continuarmos publicando esses documentos até o final. Nem seu partido, nem o governo do Bolsonaro, nem Sergio Moro podem fazer nada para impedir isso."
CPI
Alguns dos deputados presentes à sessão defenderam a convocação do ministro Sergio Moro para falar sobre os fatos na Câmara e, também, a criação de uma CPI para investigar o caso.
Um dos autores do pedido, o deputado Federal Márcio Jerry enfatizou que o requerimento de uma investigação não objetiva enfraquecer o combate à corrupção. "Para combater a corrupção, não se deve aceitar o cometimento de ilegalidades. Precisamos combater a corrupção cumprindo a lei eficazmente."
Concordando com Greenwald, o deputado Federal Fábio Trad avaliou que as mensagens são verdadeiras e que está caracterizada a parcialidade de Moro em sua atuação como juiz. "O que está em jogo não é o ex-presidente Lula, tampouco o ministro Sério Moro, mas o Estado Democrático de Direito", disse.
Segundo a Câmara, deputados presentes à audiência formalizaram um pedido para que a Casa garanta a segurança de Gleen Greenwald.
Vazamentos
Migalhas reuniu, em site exclusivo, todas as informações e desdobramentos dos vazamentos envolvendo a operação Lava Jato. Acesse: vazamentoslavajato.com.br