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Ex-patrão atropela autor e testemunha após audiência trabalhista em MG

Caso ocorreu em Pouso Alegre na última terça-feira, 19; vítimas tiveram ferimentos leves, mas passam bem.

22/3/2019

Na última terça-feira, 19, um motoboy de 35 anos e um cozinheiro ficaram feridos ao serem atropelados pelo ex-patrão, na cidade de Pouso Alegre/MG. O atropelamento aconteceu logo depois de uma audiência trabalhista.

A Polícia Militar foi acionada e compareceu ao local. Segundo a PM, o homem jogou seu carro contra a motocicleta na qual estavam os dois ex-funcionários e fugiu do local.

Feridos, os dois trabalhadores foram levados ao hospital, mas passam bem. A placa do veículo que o suspeito usava ficou no local do atropelamento e foi apreendida. Até o momento, não há informações de que ele tenha sido encontrado.

Processo

No processo, o motoboy pleiteia o reconhecimento de vínculo empregatício, bem como pagamento de horas extras, descanso semanal remunerado, adicional noturno, dentre outros pedidos. Já o cozinheiro atropelado é testemunha do reclamante na causa, que ainda terá julgamento definitivo.

Segundo os advogados Diego Simões e Edson Junior, que atuam pelo motoboy na causa, tanto o reclamante quanto o cozinheiro estão abalados em virtude do ocorrido. “A questão que fica agora é a psicológica, pois tanto o reclamante quanto a testemunha estão com medo até mesmo de sair de casa.”

Os causídicos afirmam que a motocicleta, de propriedade do motoboy, está sem condições de uso. Além disso, o trabalhador teme retornar às suas atividades laborativas por medo de uma emboscada.

De acordo com os advogados, além das providências cíveis decorrentes do caso, o atropelamento deve ser analisado na esfera criminal.

“Acompanharemos o desenrolar da investigação criminal tomando cuidado para que o fato seja configurado como tentativa de homicídio, dado que o evento morte não ocorreu em razão de circunstâncias alheias à vontade do condutor do veículo (empregador).”

Justiça do Trabalho

Os advogados ressaltam que o caso reforça a importância da Justiça do Trabalho.

“Se este empregador, mesmo após sair da Justiça do Trabalho, teve a capacidade de cometer tamanha atrocidade, imagina só do que o mesmo é capaz de realizar no trato diário com seus funcionários? Neste sentido, a Justiça do Trabalho continua se demonstrando um relevante instrumento de Justiça Social.”

Os causídicos ponderam que a JT tem relevante importância na defesa dos direitos de trabalhadores, sendo necessário que ela continue a existir.

 “Embora muitos defendam o fim da Justiça do Trabalho, é diante de situações como esta, absurda, que temos que refletir sobre sua necessária manutenção. Talvez ainda não estejamos preparados para ter uma relação igualitária entre empregados e empregadores.”

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