Migalhas Quentes

Juíza retira cobrança do ICMS sobre serviços de streaming em SP

Para magistrada, é forçoso concluir que a transferência de conteúdo digital configura uma circulação efetiva de mercadorias diante dos termos da Constituição Federal.

19/3/2018

A juíza de Direito Simone Gomes Rodrigues Casoretti, da 9ª vara da Fazenda Pública de SP, deferiu liminar em MS coletivo para afastar os efeitos do convênio 107/17 do CONFAZ e do decreto estadual 63.099/17 e determinar a retirada da cobrança de ICMS sobre os serviços prestados por empresas de streaming e download.

O MS foi impetrado pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação – Brasscom, que representa companhias do ramo de streaming e download. A associação pediu a retirada da incidência do imposto sob a alegação de que as normas determinam nova incidência tributária sem respaldo na Constituição Federal e na lei complementar 87/96 – que instituiu o ICMS.

Em sua defesa, a Fazenda do Estado de São Paulo sustentou que o convênio e o decreto não inovam no ordenamento jurídico, mas apenas regulamentam uma materialidade já existente.

Ao analisar o caso, a juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti considerou que admitir a incidência de ICMS sobre software padronizado por download e por streaming com base em convênio e decreto afronta o disposto no artigo 146 da CF/88, "pois compete somente a lei complementar dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre os entes da federação".

A magistrada ressaltou ainda que, embora o plenário do STF tenha decidido por maioria, no julgamento da ADIn 1.945, pela necessidade de tratamento idêntico ao software em base física àquele que é objeto de download na internet, ainda não há decisão definitiva sobre o tema. Por isso, segundo a juíza, é "forçoso concluir que deve ser analisado se o comércio de produtos digitais na internet constitui fato gerador do ICM, diante dos termos do art. 155, II da Constituição Federal, isto é, se a transferência de conteúdo de digital (por download ou streaming) configura uma circulação efetiva de mercadorias".

Com esse entendimento, a magistrada deferiu liminar em MS coletivo para determinar a retirada da cobrança do imposto sobre os serviços de streaming das empresas representadas pela associação.

Confira a íntegra da decisão.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas de Peso

Novos horizontes à tributação de bens e mercadorias digitais? O convênio ICMS 106/17 do CONFAZ

24/10/2017
Migalhas Quentes

Rio aprova cobrança de ISS para Netflix e Spotify

17/10/2017
Migalhas de Peso

ISS – nova incidência sobre disponibilização de conteúdo por streaming

20/2/2017
Migalhas de Peso

O impacto da nova legislação de ISS sobre as atividades de tecnologia

15/2/2017
Migalhas Quentes

É legítima a cobrança de ISS para serviços como Netflix e Spotify? Veja opinião de tributaristas

1/2/2017

Notícias Mais Lidas

Moraes torna pública decisão contra militares que tramaram sua morte

19/11/2024

PF prende envolvidos em plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

19/11/2024

Leonardo Sica é eleito presidente da OAB/SP

21/11/2024

CNJ aprova teleperícia e laudo eletrônico para agilizar casos do INSS

20/11/2024

Em Júri, promotora acusa advogados de seguirem "código da bandidagem"

19/11/2024

Artigos Mais Lidos

ITBI na integralização de bens imóveis e sua importância para o planejamento patrimonial

19/11/2024

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis

19/11/2024

Estabilidade dos servidores públicos: O que é e vai ou não acabar?

19/11/2024

Quais cuidados devo observar ao comprar um negócio?

19/11/2024

O SCR - Sistema de Informações de Crédito e a negativação: Diferenciações fundamentais e repercussões no âmbito judicial

20/11/2024