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Ausência de endereço fixo, por si só, não autoriza prisão

Precedentes do STJ são no sentido de que a ausência de comprovação de endereço fixo como circunstância isolada não autoriza a prisão.

18/7/2017

A ausência de endereço fixo, por si só, não é uma justificativa apta a amparar um decreto de prisão. A presidente do STJ, ministra Laurita Vaz, ratificou o entendimento da corte e revogou a prisão preventiva de uma mulher, decretada após a ausência de comprovação de endereço. A decisão se deu em HC impetrado pela Defensoria Pública do Estado de GO.

No caso analisado, a mulher, moradora de rua, foi condenada por ter receptado uma moto. O juízo competente decretou a prisão após não conseguir confirmar o endereço da acusada, inviabilizando, segundo o juízo, o início do cumprimento da pena imposta, de um ano de reclusão, em regime inicial aberto, convertida em restritiva de direitos, segundo a qual ela deveria prestar serviços à comunidade ou entidade pública 7 horas por semana, por um ano.

Segundo a ministra Laurita Vaz, o caso demonstra ilegalidade patente, capaz de ensejar a concessão da liminar para a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão, nos termos do artigo 319 do CPP.

De acordo com a ministra, os precedentes do tribunal são no sentido de que a ausência de comprovação de endereço fixo como circunstância isolada não autoriza a prisão.

No HC, a Defensoria Pública alegou que o fato de ser moradora de rua não poderia servir como demérito para a situação da ré, tampouco como justificativa para a prisão, já que a falta de endereço próprio não significa que a mesma estivesse se escusando de responder à ação penal.

Além disso, a ministra Laurita Vaz destacou a desproporcionalidade da negativa, pelo juízo de primeiro grau, do direito de recorrer em liberdade à condenada, que é mãe de três filhos pequenos.

“Os precedentes emanados desta Corte Superior orientam no sentido de que se mostra desproporcional a negativa do direito de recorrer em liberdade para a pessoa condenada que teve sua pena privativa de liberdade substituída por penas restritivas de direitos, como ocorreu no caso em apreço.”

A ministra aplicou medidas cautelares para cumprimento pela mulher, de comparecimento periódico em juízo e proibição de se afastar da cidade sem autorização. O mérito do HC será julgado pelos ministros da 6ª turma do STJ, com a relatoria da ministra Maria Thereza de Assis Moura.

Fonte: STJ e Ascom/DPE-GO

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