Migalhas Quentes

Para ministro Barroso, é ingênuo supor que mundo do Direito pudesse ser "lago tranquilo em meio à tempestade"

S. Exa. faz reflexão crítica sobre o ano de 2016 no STF, destacando seu papel institucional, sua relação com a sociedade e algumas decisões emblemáticas do período.

9/1/2017

O ministro Luís Roberto Barroso, em minucioso texto, apresenta aos leitores uma retrospectiva do ano de 2016 no Supremo Tribunal Federal.

S. Exa. faz uma reflexão crítica sobre o ano na Corte, destacando seu papel institucional, sua relação com a sociedade e algumas decisões emblemáticas do período.

Em uma segunda parte do artigo, Barroso traz uma lista das principais questões decididas pelo Tribunal ao longo do ano.

Com o olhar crítico e ponderado que lhe é característico, o ministro ressalta que, em meio à turbulência em todas as áreas do país (economia, política, sociedade), seria “ingenuidade” crer que o mundo do Direito, da Justiça e o próprio Supremo “pudesse ser um lago tranquilo em meio à tempestade”.

O Judiciário tem problemas. Muitos são antigos e crônicos, como o custo alto e a lentidão. Estes não têm nada a ver com a crise presente. Outros, no entanto, decorrem dos momentos conturbados pelos quais passamos. Exposto em uma vitrine, com cada despacho ou decisão fiscalizados por uma multidão polarizada, quando não vem pedra de um lado, vem do outro.”

Exposição do Tribunal

Nesse cenário conturbado, Luís Roberto Barroso analisou a exposição do Supremo no ano que findou, elencando as decisões importantes do período, o que chamou de “pedras no caminho” (três questões controvertidas que ficam registradas com maior destaque na memória) e as críticas – justas e injustas – que a Corte recebeu. Quanto a essas últimas, vale destacar quais, na opinião do ministro Luís Roberto Barroso, foram elas:

Críticas justas: excesso de decisões monocráticas, excesso de processos e “ativismo extrajudicial”. Críticas injustas: invasão do espaço do Legislativo e excesso de ativismo judicial.

Apesar da elevação do tom das críticas ao STF no apagar das luzes de 2016, foi um ano de mais acertos do que erros.

Temas de destaque

Lembrando que nenhuma outra Corte mundial trabalha com “grau equiparável de exposição pública e transparência” do STF, S. Exa. listou dez dos principais temas enfrentados em 2016, com um breve resumo dos casos respectivos e do que foi decidido, no que ficou evidenciada a predominância de assuntos relacionados à crise política e à crise econômica na pauta, “bem como o seu papel destacado na defesa de direitos fundamentais”. Foram eles:

1. O rito do processo de Impeachment

2. Anulação da nomeação de ministros indicados pela presidente Dilma Rousseff (ADPF 388 ; MS 34.070 e MS 34.071)

3. Afastamento do Presidente da Câmara dos Deputados da presidência e do mandato

4. Possibilidade de réus em ação penal ocuparem cargos na linha de substituição presidencial

5. Crise financeira dos Estados: (i) cálculo da dívida; e (ii) repartição da multa da lei de repatriação

6. Execução da pena após decisão condenatória de 2º grau

7. Inconstitucionalidade da criminalização do aborto até o terceiro mês da gestação

8. Inconstitucionalidade de lei estadual que regulamentava a vaquejada

9. Judicialização da saúde: (i) lei que autoriza uso da fosfoetanolamina sintética sem testes clínicos e registro na Anvisa; (ii) medicamentos de alto custo e (iii) medicamentos sem registro na Anvisa

10. Desconto em pagamento de servidores público em greve

Por fim, em tom esperançoso, o ministro Barroso destaca que, embora o ano de 2017 não prometa ser muito mais fácil do que o que passou, é possível enfrentá-lo com os ensinamentos de 2016.

Na vida institucional, como na vida pessoal, passa-se pelo que se tem que passar, e tudo faz parte de um processo de aprimoramento e evolução. O que significa que, apesar de tudo, a gente sai das provações melhor do que entrou.”

Veja a íntegra do artigo "O Supremo Tribunal Federal em 2016: O ano que custou a acabar".

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Luís Roberto Barroso: Cortes constitucionais devem captar sentimento social sem ser populistas

19/9/2016
Migalhas Quentes

Corrupção e o legado do mensalão e da Lava-Jato, por Luís Roberto Barroso

24/5/2016
Migalhas Quentes

Luís Roberto Barroso: Brasil vive crise política, econômica e moral, mas não há crise institucional

11/4/2016
Migalhas Quentes

Constituição, Direito e política, por Luís Roberto Barroso

18/8/2015
Migalhas Quentes

Ministro Barroso: “O legado de 30 anos de democracia e os desafios pela frente”

23/4/2015
Migalhas Quentes

Ministro Barroso palestra em Harvard sobre reforma política

22/4/2015
Migalhas Quentes

Cinco lições sobre a vida e o Direito, por ministro Barroso

20/4/2015
Migalhas Quentes

Ministro Barroso discursa sobre os possíveis caminhos para se se ter uma vida boa

24/3/2014
Migalhas Quentes

Para ministro Luís Roberto Barroso, país precisa de uma reforma política

27/6/2013

Notícias Mais Lidas

Moraes torna pública decisão contra militares que tramaram sua morte

19/11/2024

PF prende envolvidos em plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

19/11/2024

Leonardo Sica é eleito presidente da OAB/SP

21/11/2024

CNJ aprova teleperícia e laudo eletrônico para agilizar casos do INSS

20/11/2024

Em Júri, promotora acusa advogados de seguirem "código da bandidagem"

19/11/2024

Artigos Mais Lidos

ITBI na integralização de bens imóveis e sua importância para o planejamento patrimonial

19/11/2024

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis

19/11/2024

Estabilidade dos servidores públicos: O que é e vai ou não acabar?

19/11/2024

O SCR - Sistema de Informações de Crédito e a negativação: Diferenciações fundamentais e repercussões no âmbito judicial

20/11/2024

Quais cuidados devo observar ao comprar um negócio?

19/11/2024