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Luís Carlos Valois desabafa sobre retorno à VEP após massacre: “Preciso voltar a vê-los como seres humanos”

Juiz que auxiliou em rebelião no Amazonas lembra que, ao findar o recesso, voltará ao trabalho diretamente com os presos "que cometeram essa barbárie".

4/1/2017

O juiz de Direito Luís Carlos Valois, titular da Vara de Execução Penal do TJ/AM, falou da dificuldade em lidar diretamente com os presos “que cometeram essa barbárie” - o magistrado foi chamado tarde da noite no domingo, 1º/1, para auxiliar a Segurança Pública do Estado do AM na rebelião ocorrida no Compaj - Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, que deixou 56 mortos, quase todos de forma brutal.

Em publicação no Facebook, o juiz lembra que, ao findar o recesso, voltará ao trabalho diretamente com os presos do Compaj, e por isso “preciso voltar a vê-los como seres humanos e não como os animais que se mostraram”.

Se não recuperar a minha capacidade de ver humanidade nessas pessoas, não poderei voltar para a VEP, porque o primeiro requisito de um juiz da execução é ver seres humanos atrás das grades.”

Luís Carlos Valois tem sofrido ameaças do PCC desde que uma matéria no jornal O Estado de S.Paulo afirmou que ele seria suspeito de possuir ligação com a facção Família do Norte. O juiz rebateu a acusação.

Ainda na mesma publicação, feita na madrugada desta quarta-feira, 4, Valois afirmou:

Estou pensando em realizar algo parecido como a justiça restaurativa, para superar o dano na minha própria humanidade.”

Apoio

Diversas Associações de Magistrados divulgaram nas últimas horas notas de apoio ao juiz Luís Carlos Valois. A ASMEGO – Associação dos Magistrados do Estado de Goiás rechaçou “a conduta irresponsável de parte de profissionais e veículos da imprensa, que não só deturparam a entrevista que ele concedeu ontem sobre o episódio no complexo penitenciário Anísio Jobim (AM), mas repercutiram inverdades que culminaram em ameaças de morte ao magistrado”.

Por sua vez, a Associaçãodos Magistrados do Amazonas se solidarizou com o juiz por ter sua conduta questionada ao garantir a aplicação das leis.

O presidente da AMB Jayme de Oliveira argumentou que Valois “atuou com verdadeiro espírito de servidor público zeloso e compromissado”, uma vez que não estava de plantão ou no exercício da atividade, mas ao ser acionado pela cúpula da segurança pública do Amazonas, “prontamente atendeu ao chamado e se dirigiu ao local dos acontecimentos para contribuir com a solução do problema”.

Mesmo diante do cenário de terror presenciado, Valois contribuiu para a pacificação na casa penal. Não obstante, matéria do Estadão reproduzida por diversos veículos de imprensa, destacou uma suposta acusação feita contra Valois, que não condiz com a realidade e a seriedade do trabalho realizado pelo juiz. O magistrado Luís Valois tem o respeito da magistratura amazonense e brasileira que lhe disponibiliza, inclusive, os meios necessários à reposição da verdade e da honra atacadas.”

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