O MPF apresentou nesta quinta-feira, 15, nova denúncia no âmbito da Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele é acusado pela força-tarefa da Operação pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostamente ter sido beneficiado por propinas da empreiteira Odebrecht.
É a terceira denúncia contra Lula no âmbito da Lava Jato e a quinta este ano – ele também foi denunciado nas operações Zelotes e Janus. Desta vez, a denúncia aponta que Lula teria recebido benefícios na compra de um terreno onde seria construído o Instituto Lula, e também na aquisição de uma cobertura vizinha à sua no edifício onde mora, em São Bernardo do Campo.
Além de Lula, foram formalmente acusados pelo MPF o ex-ministro Antonio Palocci, também denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o empreiteiro Marcelo Odebrecht, acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro, a ex-primeira-dama Marisa Letícia, e advogado do petista, Roberto Teixeira, ambos denunciados por lavagem de dinheiro.
Veja a lista completa:
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Luiz Inácio Lula da Silva, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
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Antonio Palocci, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
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Branislav Kontic, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
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Marcelo Odebrecht, corrupção ativa e lavagem de dinheiro
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Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, lavagem de dinheiro
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Demerval Gusmão, lavagem de dinheiro
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Glaucos Costamarques, lavagem de dinheiro
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Roberto Teixeira, lavagem de dinheiro
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Marisa Letícia Lula da Silva, lavagem de dinheiro
Denúncia
Segundo a denúncia do MPF, parte dos 75,4 milhões de reais em propina pagos pela Odebrecht sobre contratos com a Petrobras foram lavados na compra, em 2010, de um terreno em São Paulo. O acerto teria sido intermediado por Palocci, auxiliado por seu assessor Branislav Kontic.
Com base em anotações feitas pelo ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht, que fechou acordo de delação premiada, e planilhas apreendidas na sede da Construtora DAG, o MPF afirma que, entre compra e manutenção do imóvel, a Odebrecht gastou 12,4 milhões de reais.
Outros 504.000 reais pagos em propina pela empreiteira teriam sido usados, conforme a denúncia, para comprar apartamento vizinho ao de Lula em São Bernardo do Campo, que é utilizado pelo petista. O dinheiro teria como destinatário Glaucos Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, em nome de quem o imóvel foi comprado. Para os procuradores da Lava Jato, Costamarques atuou como um "líder de fachada" no lugar de Lula, em uma operação que envolveu também o advogado Roberto Teixeira.
A ex-primeira-dama Marisa Letícia também teria participação no crime de lavagem de dinheiro porque assinou, em 2011, um contrato fictício de locação do imóvel, em que Glaucos Costamarques figurava como locador. As investigações da Operação Lava Jato concluíram que, até pelo menos novembro de 2015, o aluguel nunca havia sido pago.