Migalhas Quentes

Esmigalhando o áudio - Caso Delcídio do Amaral

Após ouvir a gravação, separamos alguns trechos curiosos. Os envolvidos falam de André Esteves a Kakay, passando pelo "japonês bonzinho" da PF.

27/11/2015

Tendo ouvido o famoso áudio (íntegra abaixo) do polêmico encontro entre o senador Delcídio do Amaral, seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, o filho de Cerveró, Bernardo, e o advogado Edson Ribeiro, pinçamos alguns trechos.

Atenção! Lembramos, e pedimos para que o leitor faça essa avaliação, de que os mencionados muito provavelmente nem sequer têm nada a ver com o contexto nos quais são colocados, porque, pelo teor do resto da conversa, as mentiras só foram crescendo de tamanho:

A conversa que se inicia de modo prosaico, passa a revelar o sentido do encontro mais ou menos com 10 minutos de reunião. Neste momento, o senador conversa com o assessor, Diogo, o advogado de Cerveró Edson Ribeiro e o filho de Cerveró, Bernardo, acerca dos HC's que aportaram no STF e qual seria o melhor encaminhamento para que fossem concedidos:

DELCÍDIO: Agora, agora, Edson e Bernardo, é, eu acho que nós temos que centrar fogo no STF agora. Eu conversei com o Teori, conversei com o Toffoli, pedi pro Toffoli conversar com o Gilmar, o Michel conversou com o Gilmar também, porque o Michel tá muito preocupado com o Zelada [Jorge], e eu vou conversar com o Gilmar também.

EDSON: Tá.

DELCÍDIO: Porque, o Gilmar, ele oscila muito, uma hora ele tá bem, outra hora ele tá ruim e eu sou um dos poucos caras...

EDSON: Quem seria a melhor pessoa pra falar com ele, Renan, ou Sarney...

DELCÍDIO: Quem?

EDSON: Falar com o Gilmar.

DELCÍDIO: Com o Gilmar, não... eu acho que o Renan conversaria bem com ele.

Depois de 20 minutos de conversa, ao tratar do julgamento de um HC que está nas mãos do ministro Fachin, Edson e Delcídio travam uma discussão se seria boa coisa revelar seus planos ao criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido às margens do Sena como Kakay:

EDSON: Tudo anulado não tem porque fugir porra. Não vai dar nada pra ninguém... Bom, então é... Eu não falei com Kakay, eu falei por alto com Kakay. Eu encontrei com ele num restaurante no Leblon, ele até me pediu uma cópia desse HC, eu não mandei a cópia pra ele, tá, eu esperei falar com vocês pra saber se falo ou não falo com ele … porque eu tenho medo.

DELCÍDIO: Ele vai usar esse HC.

EDSON: Vai.

DELCÍDIO: E vai dizer que é dele.

EDSON: Pra mim não tem problema, olha só.

DELCÍDIO: O importante é resolver, né.

EDSON: Se resolver.

DELCÍDIO: É mas, não sei se.

EDSON: Eu não sei se ele atrapalha ou se ajuda.

DELCÍDIO: É é o problema é esse, porque o Kakay pelo estilo que ele tem é complicado.

EDSON: É, é.

DELCÍDIO: Eu não sei.

EDSON: Ele vai dizer, porra, a minha avaliação dele é a seguinte: ele pode querer derrubar esse pra aproveitar o corpo desse e fazer um outro.

DELCÍDIO: E fazer um outro e dizer que é dele.

EDSON: Exatamente. Ele abrir o estilo dele.

DELCÍDIO: Ele é muito complicado.

EDSON: É, é vaidade pura ali.

DELCÍDIO: É um cara difícil de você.

EDSON: Eu sei.

Na sequência, Delcídio aponta que o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, tinha uma cópia do acordo de delação premiada do ex-diretor da Petrobras, inclusive com anotações manuscritas do próprio Cerveró, o que revelaria um suposto canal interno de vazamento de informações.

DELCÍDIO: Mas Édson, entendo... coloque na situação... Ele pegou porque.... Vocês conhecem o André Esteves ou não?

EDSON: Não

DELCÍDIO: André tem 43 anos.

BERNARDO: É novo.

DELCÍDIO: É um puta de um gênio, o cara. Você conversa com ele é uma máquina, uma locomotiva o cara. Aí ele: “- Ó Delcídio, porra! Por que que eu... me veio a isso...” Como ele chegou a isso eu não sei te dizer. Não sei. ... fiquei na minha... e eu fingi surpresa. Porra André, você conseguiu como? E aí ele mostrou o paper, e com anotações. Então, por exemplo... aí ele foi virando as páginas e eu fui vendo... No paper que você me mandou tem lá por exemplo: o Jorge Lúcio, Jader e Renan. Aí tem uma anotação que eu suponho que é do Nestor e bota assim (Del)... no caso, então supostamente, corrigir.

Em outro momento da conversa, os quatro citam interferência de um agente de dentro da carceragem, e suspeitam que ele tenha vazado o documento que estava nas mãos de André Esteves.

BERNARDO: Os caras não tinham uma escuta em cima da... da cela?

DELCÍDIO: Alguém pegou isso aí e deve ter reproduzido. Agora quem fez isso é que a gente não sabe.

EDSON: É o japonês. Se for alguém é o japonês.

DIOGO: É o japonês bonzinho.

DELCÍDIO: O japonês bonzinho?

EDSON: É. Ele vende as informações para as revistas.

BERNARDO: É, é.

DELCÍDIO: É. Aquele cara é o cara da carceragem ele que controla a carceragem.

Ao final do encontro, depois de quase 1h30 de conversa, Bernardo e Edson voltam a falar sobre a divulgação das cópias sigilosas dos depoimentos de Cerveró a procuradores. Dá-se início, então, a uma série de especulações.

EDSON: Mas olha só. Só pode ter saído, do escritório da Alessi [Brandão, advogada], Polícia Federal ou Sergio Riera [advogado]. Saber da Alessi se ela passou pro Sergio alguma coisa com (algo) atrás escrito.

BERNARDO: Rapaz chegar na mão do BTG, no André, cara.

EDSON: Por que chegou lá?

BERNARDO: Porque o Fernando [Baiano] já se queimou com o cara. Já falou dele.

EDSON: Quem é que poderia levar isso pro André?

BERNARDO: Eu acho que é o carcereiro. O cara dá 50 mil aí pra você.

EDSON: A gente num entende, pô!

BERNARDO: Carcereiro, Newton [Ishii]... os caras são muito legais.

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