Economia dinâmica atrai escritórios ao interior de SP
As grandes bancas de advocacia empresarial do Rio e de São Paulo estão se interiorizando. Primeiro, foram o paulistanos Demarest e Almeida Advogados, em Campinas e Ribeirão Preto, e Tozzini, Freire, Teixeira e Silva, em Campinas. Na semana passada, foi a vez de o carioca Veirano Advogados empatar o jogo a favor de Ribeirão e desbravar o Oeste Paulista. Os principais fatores de atração que têm puxado tradicionais escritórios de nome nacional são empresas do agronegócio, estrangeiras e usinas de álcool do interior paulista.
Apesar da tentação que é atender clientes numa área rica e onde circulam contratos vultosos, Adelmo Emerenciano, cuja banca - Emerenciano, Baggio e Associados - fez o caminho inverso, de Campinas para São Paulo, há dez anos, depois de cinco anos no interior, alerta que fora da capital a marca de um escritório não encanta os clientes, que valorizam a relação com o advogado conhecido. Ele lembra que, diferente do que ocorre em grandes companhias, quem "assina o cheque" no interior muitas vezes ainda é o dono da empresa. Esse público não está habituado a pagar por consultas feitas por telefone ou pelos gastos de celulares dos advogados, costume em alguns grandes escritórios.
A banca chega à região levando "de volta" na bagagem já cinco clientes que atendia em São Paulo, pelo menos dois estrangeiros, nas áreas de defensivos agrícolas, geração e transmissão de energia, frigorífico, indústria de laticínios e uma metal-mecânica. "Devem surgir oportunidades junto a usineiros de açúcar e álcool e na área ambiental também", espera Veirano, que participou da aquisição recente da rede de supermercado local Gimenez por um fundo de investimento de São Paulo.
O advogado se diz animado com a inauguração, que contou com cerca de 150 pessoas, incluindo famílias donas de empresas da região - candidatas ao trabalho de planejamento de sucessão familiar do escritório - e representantes do Banco de Ribeirão Preto, com cujo advogado, Abraão Issa Neto, o Veirano já faz parceria e a quem pode se unir no futuro.
A importância da proximidade com a cultura local é tamanha que, para compor a nova unidade, o escritório carioca levou de volta profissionais nascidos na região, mas que trabalhavam no escritório da Marginal Pinheiros, em São Paulo.
A filial começa com três profissionais: dois advogados de Ribeirão Preto e uma de Mococa. Veirano conta que muitos dos funcionários do escritório de São Paulo são de Franca, Araraquara e cidades próximas e teriam interesse em "voltar a suas origens" trabalhando no novo escritório.
Emerenciano, de Campinas, diz que a estratégia das bancas nacionais de recrutar advogados dentro dos concorrentes regionais, ainda que desfalque as equipes levando bons profissionais, valoriza o "passe" de advogados e eleva os honorários no mercado local.
O sucesso dos grandes escritórios no interior fez o Demarest e Almeida, que chegou a Campinas e Ribeirão em 2001 por ocasião da incorporação do escritório local Azevedo Sodré, se mudar para instalações maiores e mais modernas no fim do ano passado em Ribeirão e em 2003 em Campinas. Hoje, são 25 advogados em Campinas (17 em 2001), e sete em Ribeirão, dois a mais que na inauguração.
Uma parte do segredo para crescer no interior é manter a "cara de escritório do advogado da família, do passado", avalia Edimara Wieczorek, sócia responsável pelas duas filiais do Demarest. Ela considera ultrapassada a aversão do cliente do interior a escritórios da capital. "As empresas daqui estão cada vez mais profissionalizadas e pedem escritórios maiores", diz. Edimara não fala em números de clientes, mas conta que o faturamento na região tem crescido ao ritmo de 20% ao ano. Os setores também são os mais diversos.
Mais recente no interior, o Tozzini Freire chegou a Campinas em 2004, apenas com o sócio Eduardo Correa Fazoli e um cliente da área de infra-estrutura. Fazoli é hoje responsável pela unidade de mais 20 advogados - apenas dois do escritório de São Paulo e o restante selecionado na região - e 40 empresas clientes de diversas áreas, sendo dois terços de multinacionais. Essa diversidade muda o perfil de empresas familiares do agronegócio que muitos escritórios esperam encontrar, diz. "O escritório de Campinas atende hoje a quase metade do Estado de São Paulo geograficamente", revela Fazoli.
Dos assuntos predominantes, 45% é da área societária, tributária e de contratos, o que, segundo ele, mostra como existe um mercado empresarial maduro no interior.
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Fonte: valoronline