Migalhas Quentes

Empregado constrangido em dinâmica motivacional será indenizado

Empresa terá que pagar R$ 15 mil por danos morais.

11/2/2015

A empresa Luft Logística Armazenagem e Transportes deverá indenizar funcionário por situação constrangedora em dinâmicas e brincadeiras organizadas para incentivar a competitividade e o cumprimento de metas entre os empregados. Decisão é da 7ª turma do TST, que não conheceu do recurso de revista.

Com o objetivo de estimular a produtividade, os coordenadores da empresa mantinham diariamente reunião com a equipe de entregadores. Mas, na ação trabalhista, o ajudante de entrega alegou que brincadeiras de teor ofensivo eram praticadas nessas reuniões.

Entre as atividades estava a colocação de uma foto da equipe no mural do "pior do dia", xingamentos e a colocação de chupetas na boca dos empregados. Outra ação promovida pela empresa foi a contratação de artistas vestidos de drag queens. De acordo com os autos, durante a apresentação as drag queens chegaram a sentar no colo do ajudante de entrega e de demais colegas de trabalho, causando constrangimento e humilhação.

O TRT da 4ª região manteve a condenação da 1ª instância, aplicada pela 14ª vara do Trabalho de Porto Alegre, e entendeu que a empresa submeteu o ajudante de entrega a situações constrangedoras, o que lhe garante o direito ao recebimento de indenização por dano moral. Na justificativa, o regional afirmou que devem ser respeitadas as convicções pessoais, religiosas ou de outra natureza do empregado, de modo que ele não se sinta desconfortável com as ações promovidas pelo empregador.

O relator do recurso da empresa ao TST, ministro Cláudio Brandão, não conheceu do recurso, e fundamentou seu voto pela manutenção da condenação no artigo 5º, inciso X, da CF, que garante a inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e a imagem das pessoas, assegurando à indenização caso esses direitos sejam violados. Para o ministro, o quadro registrado pelo regional revela que a empresa cometeu abuso de direito, e concluiu que houve gestão por estresse.

"A gestão por estresse se caracteriza pelo uso de expressões desqualificadoras, xingamentos ou brincadeiras de mau gosto e atinge a coletividade dos trabalhadores e sua autoestima, o que não deve ser admitido ou estimulado pelo Judiciário".

Assim, ficou mantida a condenação ao pagamento de R$ 15 mil a título de danos morais. O ministro Cláudio Brandão também não conheceu de recurso no ponto em que solicitava a redução do valor da indenização.

Confira o acórdão.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Avon deve pagar R$ 100 mil a funcionária obrigada a participar de dança sensual

5/2/2015

Notícias Mais Lidas

Juíza compara preposto contratado a ator e declara confissão de empresa

18/11/2024

Escritórios demitem estudantes da PUC após ofensas a cotistas da USP

18/11/2024

Estudantes da PUC xingam alunos da USP: "Cotista filho da puta"

17/11/2024

Gustavo Chalfun é eleito presidente da OAB/MG

17/11/2024

PF prende envolvidos em plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

19/11/2024

Artigos Mais Lidos

ITBI na integralização de bens imóveis e sua importância para o planejamento patrimonial

19/11/2024

Cláusulas restritivas nas doações de imóveis

19/11/2024

A relativização do princípio da legalidade tributária na temática da sub-rogação no Funrural – ADIn 4395

19/11/2024

Transtornos de comportamento e déficit de atenção em crianças

17/11/2024

Prisão preventiva, duração razoável do processo e alguns cenários

18/11/2024