A PF deflagrou nesta segunda-feira, 26, a Operação Durkheim, com o objetivo de desarticular duas organizações criminosas, uma especializada na venda de informações sigilosas e outra voltada à prática de crimes contra o sistema financeiro nacional.
O superintendente regional da PF em São Paulo, Alberto Troncon Filho, afirmou que foram identificadas 180 pessoas, físicas e jurídicas, que tiveram o sigilo fiscal, telefônico ou bancário violados. Entre as vítimas, a PF diz que estão um ex-ministro, um senador, dois prefeitos, dois desembargadores, uma filial de uma emissora de televisão e um banco. Os nomes não foram divulgados.
Trinta e três pessoas foram presas e 87 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos estados de SP, GO, DF, PA, PE e RJ.
O inquérito policial teve início em setembro de 2011 para investigar os desdobramentos da investigação do suicídio de um policial Federal na cidade de Campinas, em dezembro de 2010. O fato apontou a possível utilização de informações sigilosas, obtidas em operações policiais, para extorquir políticos, suspeitos de envolvimento em fraudes em licitações.
No decorrer do inquérito, foram identificadas duas organizações criminosas atuando em paralelo e de modo independente. As duas tinham como elo uma pessoa investigada, que atuava com os dois grupos criminosos.
Segundo as evidências trazidas ao inquérito, foi descoberta uma grande rede de espionagem ilegal, composta por vendedores de informações sigilosas que se apresentam ao mercado como detetives particulares, e por seus fornecedores, pessoas com acesso aos bancos de dados sigilosos, como funcionários de empresas de telefonia, bancos e servidores públicos. A outra organização tinha como atividade principal a remessa de dinheiro ao exterior por meio de atividades de câmbio sem autorização do Banco Central.
Cerca de 400 policiais federais participam da operação para o cumprimento de 33 mandados de prisão, 34 mandados de coerção coercitiva e 87 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 2ª vara Criminal Federal de SP. Sessenta e sete pessoas serão indiciadas.
Os investigados responderão, na medida de suas ações, pelos crimes de divulgação de segredo, corrupção ativa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, realizar interceptação telefônica clandestina, quebra de sigilo bancário, formação de quadrilha, realização de atividade de câmbio sem autorização do BC do Brasil, evasão de divisa e lavagem de dinheiro, com penas de 1 a 12 anos de prisão.
A operação foi batizada de Durkheim, intelectual francês, um dos pais fundadores da sociologia, que escreveu o livro "O Suicídio", em alusão aos fatos que deram início à operação.