Dia D
31 de outubro é dia de celebrar o nascimento do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
Mineiro de Itabira, nascido em 31 de outubro de 1902, Carlos Drummond de Andrade demonstrou desde cedo seu senso irônico e cético, sendo expulso do colégio por "insubordinação mental". A carreira de escritor teve início no jornal Diário de Minas, local em que viu nascer o movimento modernista mineiro. Mais tarde, os jornais Correio da Manhã e Jornal do Brasil também contariam com a pena de Drummond.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Formado em Farmácia, devido à pressão familiar por um diploma, sua dedicação espontânea era reservada para A Revista, veículo que visava afirmar o modernismo em território mineiro. Em 1934, a carreira no serviço público levou-o a respirar ares cariocas, ingressando no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, onde aposentou em 1962.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Enquanto suas obras, em versiprosa, ganhavam o mundo sendo traduzidas para idiomas vários como inglês, espanhol, italiano, alemão, francês, etc., Drummond realizava aqui, em terras tupiniquins, o belo trabalho de trazer para o português obras de Balzac, Proust, Molière, García Lorca, entre outros.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
A vida lhe soprou pela última vez em 17 de agosto de 1987, mas fiel aos seus próprios ensinamentos, Drummond tratou de entender que a vida é uma ordem e, assim, para honrar os versos de outrora, eternizou-se na literatura de nosso país, sendo hoje merecedor de nossos louros e glórias.
A melodia do poeta, conhecida na livre métrica de seus versos, pode ser apreciada também no tom mineiro da leitura que o próprio Drummond faz dos poemas "E agora, José?" e "No meio do caminho".
__________
Para comemorar a data idealizada pelo Instituto Moreira Sales, Migalhas sorteará o box "Todo o Amor de Drummond", composto pelos títulos "Corpo", "A Paixão Medida", "Amor Natural" e "Amar se aprende amando".
Corpo
Publicado originalmente em 1984, este é um dos últimos livros escritos pelo poeta, no qual faz uma deliciosa reflexão sobre o amor.
A Paixão Medida
Nesta obra, temos Carlos Drummond de Andrade pelas ruas perguntando-se sobre a natureza do que vê e coloca-se como aquele que aborda enigmas, ou os revela, ciente de que sua palavra não os desvenda. Não existe matéria indigna da poesia. A vida é poética, também em seus detalhes mínimos, a quem se deixa seduzir por ela. Um fascínio que será então contido em versos, sem outra pretensão do que a de oferecer essa paixão medida a seus leitores.
Amar se Aprende Amando
Penúltimo livro do poeta publicado em vida, e que traz quase 70 poemas divididos em três capítulos. Neles Drummond fala sobre as coisas pequenas e quase anônimas do cotidiano.
Amor Natural
Este é sem dúvida o livro mais ousado do poeta Carlos Drummond de Andrade. Publicado após a morte do autor, trata do amor com uma linguagem desnuda, quase pornográfica, dividindo as opiniões sobre seu conteúdo. Muitos dos poemas foram compostos antes mesmo da década de 1970, e já frequentaram algumas revistas eróticas. Durante sua vida, Drummond evitou publicá-los em livro, antes da revolução sexual e de costumes, por receio de serem confundidos com pornografia.
__________
Mariana Gomes Welter, advogada da banca Rolim, Viotti & Leite Campos Advogados, de Belo Horizonte/MG
__________