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Semana Goffrediana - O Professor e as Arcadas

Não deixe de ler a matéria especial sobre a trajetória do mestre Goffredo Telles Junior nas Arcadas.

23/6/2010

O Professor e as Arcadas

Apaixonado por seu ofício, o mestre Goffredo Telles Junior dedicou toda uma vida ao ensino do Direito

Em 1827, cinco anos após o Brasil ter sua independência proclamada, nascia a Academia de Direito de São Paulo, por meio de um decreto aassinado por Dom Pedro I. Foi considerada um sustentáculo essencial do Império, uma vez que se destinava a formar homens públicos aptos a construir e guiar o próspero futuro do país recém-emancipado. Sem demora, os bacharéis das Arcadas do antigo convento do Largo de S. Francisco trataram de reger todos os poderes da vida pública brasileira.

No cerne da Faculdade de Direito, arquitetaram-se os movimentos políticos mais influentes da História do Brasil, tais como o Abolicionismo, Movimento Republicano e as Diretas Já. Das Arcadas também vieram grandes pensadores, juristas e políticos. Foram mais de uma dezena de presidentes, entre eles, Prudente de Morais, Campos Sales e Jânio Quadros. Cerca de meia centena de governadores paulistas, mais de uma centena de políticos de expressão nacional e ilustres escritores como Décio Pignatari e Oswald de Andrade, expoentes da vanguarda concretista e modernista.

Foi no secular âmago das Arcadas, tombada como patrimônio histórico do Estado de São Paulo, que também brilhou o fulgor intelectual do jurista e professor de Direito Goffredo da Silva Telles Junior. Pode-se considerar seu brilhantismo como hereditário, já que seu pai, Goffredo Teixeira da Silva Telles, deixou seu registro na política paulistana, como vereador e posteriormente prefeito, em 1932.

 

O Professor Goffredo bem que se aventurou na vida pública como deputado da Assembleia Nacional Constituinte, responsável pela elaboração da Constituição de 1946 e, depois, como deputado Federal, mas foi singelamente como professor que se realizou profissionalmente.

Em 1932, iniciou seu curso de Direito no Largo de S. Francisco e, a partir de então, esteve sempre vinculado às Arcadas. Formou-se em 1937 e, em apenas três anos, já era docente da Faculdade cujos bancos tinha acabado de deixar. No ano de 1954, o mestre assumiu sua cadeira na disciplina Introdução à Ciência do Direito (v. abaixo).

Em sua notável trajetória como professor, foi livre docente, professor catedrático e, por fim, professor emérito, reunindo em torno de seu nome todas as maiores qualificações e honrarias da carreira acadêmica.

Nas Arcadas, o Mestre Goffredo também ocupou o cargo de vice-diretor entre os anos de 1966 e 1969; foi membro do Conselho Técnico-Administrativo, de 1958 a 1969; organizador e primeiro chefe do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito, de 1970 a 1974; e organizador e coordenador dos cursos de pós-graduação, de 1972 a 1974.

Na Velha e Sempre Nova Academia de Direito, o Professor Goffredo, autor da "Carta aos Brasileiros", esteve envolvido em todas as entidades, conselhos e congregações, ficando conhecido como um incansável defensor do Estado de Direito, dos Direitos Humanos e das Liberdades Democráticas.

Dizia-nos : "Nossa fidelidade de hoje aos princípios basilares da Democracia é a mesma que sempre existiu à sombra das Arcadas: fidelidade indefectível e operante, que escreveu as Páginas da Liberdade, na História do Brasil".

Em sua época de calouro, já havia participado de confrarias como a Associação Literária Álvares de Azevedo e, mais tarde, como docente, pertenceu à secreta Ordem da Capa Preta e à Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP.

O nobre Mestre Goffredo lecionou por quase 45 anos, quando, em 1985, aposentou-se compulsoriamente, ao completar 70 anos de idade. Foi, então, saudado pelos estudantes das Arcadas como "Professor Símbolo".

Mesmo aposentado, a paixão por seu ofício fez com que o professor mantivesse suas atividades, dessa vez de seu escritório, a discursar sobre a "Disciplina da Convivência Humana" aos inúmeros estudantes que o visitavam periodicamente. Afirmava que o Direito fornece, a quem estuda e a quem o pratica, uma chave preciosa : a chave da convivência humana.

Quem com ele conviveu, sabe bem o que é isso.

Nas Arcadas, o Mestre Goffredo é uma vivaz unanimidade pelo exemplo de professor, jurista e ser humano que foi e continuará sendo por meio dos ensinamentos que deixou como legado a todos aqueles que admiram e seguem suas palavras de sapiência e amor. Afinal, "nada existe no homem de mais precioso, de mais fecundo e construtivo, do que sua bondade e seu amor".
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Frases do Mestre Goffredo sobre as Arcadas




"Não são de juristas os nomes inscritos sobre o pórtico de entrada da Faculdade. Não são. Não. São de poetas os três nomes gravados no mármore: Castro Alves, Fagundes Varela e Álvares de Azevedo. Este fato – os nomes dos três poetas de nossa Faculdade sobre as portas de entrada – simboliza que a nossa Escola, que o Jardim de Pedra das Arcadas, coloca a poesia e a beleza acima de tudo e de todos".

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"Na Faculdade, aprendi a amar o Direito. Passei a amar o Direito, como quem ama a liberdade e a justiça. Desde o momento em que iniciei meu curso de Direito, e durante toda a vida, até agora, a Faculdade tem sido o prolongamento de minha casa. Meu tempo de aluno passou como a manhã de sol de um só dia. Mas meu tempo de estudante dura até hoje."

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"Minha casa, minha escola, minha egrégia Academia. Pateo de minhas Arcadas, jardim de pedra e de sonhos, sede de nossos mistérios. Nosso território livre, do Largo de São Francisco. A velha e sempre nova Academia. Aqui entrei em trinta e três; aqui vivo desde então. Aluno até trinta e sete. Advogado e professor, tenho sido a vida toda. Agora, estudante sou, estudante novamente".

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"Extraordinária mocidade, essa, de nossa velha e sempre nova Academia! No seu conjunto, ela apresenta um certo ar de irreverência, um pendor para a ironia, uma vocação para a crítica e a contestação, e, também, uma atitude meio galhofeira e brincalhona. Mas eu sempre senti, por debaixo dessas aparências, duas qualidades maravilhosas: uma excepcional capacidade de compreender e aprender; e uma rara grandeza de alma, uma percepção aguda do que é legítimo, justo e equitativo - um impulso de sincera bondade, que os moços quase sempre ocultam, para não parecerem piegas, mas que se revela nos momentos exatos, comovedoramente".

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"Minha Faculdade, minha abençoada Academia, ela foi, naquelas horas de mar grosso, a terra firme, o porto de salvação, o estaleiro de minha embarcação desarvorada."

 

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Fonte das imagens

Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP
Site Oficial - Goffredo Telles Junior
Fundação Arcadas

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