O caso da figurinista Su Tonani, assediada por José Mayer, é uma aberração que ainda existe no país. Antes de mais nada, é preciso ressaltar a coragem da jovem, que deu um longo depoimento no blog "#AgoraÉQueSãoElas", da Folha de S.Paulo. Quem não leu, deveria ler.
Pois bem, tendo lido a carta, e o pedido de desculpas do ator, vê-se que estávamos todos diante de um canastrão ordinário. Que figura deplorável se mostrou esse galã de quinta categoria. Aliás, há vinte anos que a emissora do Jardim Botânico insistia no mesmo personagem para o ator, e muitos não entendiam.
Enfim, afora o caso, que não é de somenos importância, o que chama a atenção é a atuação de um gestor de crise por trás de tudo. O pedido de desculpas, que obviamente não foi feito pelo ator, a resposta da emissora, e uma iniciativa de camisetas com as atrizes, que certamente não foi espontânea, demonstram que o caso preocupou muito os Marinho. E não é para menos.
Sabendo-se que nada é espontâneo nesse enredo global, sobressaem-se duas questões.
Primeiro, que a emissora sempre soube, por óbvio, do comportamento inadequado de seu contratado. E, como em geral se faz, fechou os olhos (ele dava lucro). E mesmo depois de a figurinista fazer as queixas internamente, tentou-se jogar tudo para debaixo do tapete. Só quando ela conseguiu repercutir seu caso num veículo grande é que a Globo "ficou sabendo" o que acontecia atrás das cortinas...
Segundo, que ao nitidamente arranjar as desculpas e o "afastamento por tempo indeterminado" (estivesse mesmo revoltada o demitiria por justa causa e ainda cobraria danos, os quais são notórios), a emissora alimenta aquilo que todos os veículos – seguidos por ela mesmo – estão questionando hoje em dia, da chamada "pós-verdade", que se explica basicamente como a aparente verdade ser mais importante que a própria verdade.